Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

19  12 2008

Savimbi, o galo negro

Por entre os jardins à volta do nosso escritório temos algumas hortas. São tratadas pelos jardineiros ou pelos seguranças. Deve ter sido uma tradição herdada do tempo colonial. Ainda hoje, em Portugal, conseguimos encontrar um ou outro pé de couve num qualquer instituto estatal.

No meio destas hortas também é frequente ver galinhas a esgravatar. Algumas esvoaçam desajeitadamente por cima do muro, vindas do bairro que nos rodeia. Se até nós achamos que o nosso cantinho é um oásis, compreende-se que as galinhas prefiram um jardim a ruas com lixo e esgotos.

blog_100
Galos

No meio delas andam dois galos. Um galo indiano, pequenino e com uns esporões de fazer inveja. Depois há um galo grande e encorpado, de plumagem castanha e com um crista bem vermelha e empinada. Daqueles que sugerem uma canja ou uma cabidela de história. Pelo tamanho, é bem capaz de dar para as duas coisas.

Desde que o céu deixou de ter o cinzento do cacimbo, habituou-se a vir espreitar-nos trabalhar a meio da tarde. Assim que se aproxima da janela, talvez por ver um rival no reflexo, começa a cantar com convicção. Vemo-lo encher os pulmóes, esticar o pescoço e soltar um cacarejo estrondoso. E outro. E outro.

Pelos vidros fumados só lhe distinguimos o contorno escuro. Um galo negro canta para nós à tarde. Mas o galo é tão bonito que até parece ter sido desenhado. Foi só um passo até lhe passarmos a chamar Savimbi. É mesmo parecido com o galo da UNITA.

blog_12_10
Está na hora

Já nos rimos com a visita diária do Savimbi, que vem cantar para nós.

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

4 respostas a “Savimbi, o galo negro”

Nota: Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados.
  1. E pá, cuidado Afonso! Se a turma do M descobre que andas a receber a visita do Savimbi sabe-se lá o que lhe vai acontecer (hahahaha). Abs.

  2. Não é toda a gente que tem o Savimbi a cantar de galo todos os dias…

  3. Cá para mim, a malta do éme-pê já fez uma canja ou um arroz de cabidela. O Savimbi tem andado desaparecido.

  4. O Velho Jonas gostava de queimar na fogueira os que se lhe opunham, toda a família era assada, para que não houvesse vingança no futuro. Por outro lado era homem de Pembas(feitiços) portanto todo o cuidado é pouco, não será esse galo um disfarce e esteja a procurar vos enfeitiçar, todo o cuidado é pouco, digo eu, mais uma vez. É melhor liquidar já esse galo e fazer uma cabidela com fúnji, pôr muito jindungu por causa das coisas
    Kandandu

Deixe uma resposta

Nota: Os comentários apenas serão publicados após aprovação. Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados de imediato.

« - »