Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

13  08 2009

História de títulos

Por vezes, os títulos dos artigos são a coisa mais difícil de escrever. Há que equilibrar a curiosidade que desperta com a ligação ao assunto. Títulos repetidos ou que revelem mais do que o pedido também são de evitar e é preciso manter presente que um mau título pode estragar um bom texto com toda a facilidade. Há dias em que percebo os aramistas a tentar não cair enquanto fazem piruetas lá em cima.

Tem havido artigos que ficam no limbo dos rascunhos durante semanas porque o título ainda não está no ponto. Alguns têm a vida encurtada porque o título certo não surgiu e acabam por ser desmontados e canibalizados por artigos mais afortunados, pelo menos no que toca ao título.

O que mais trabalho me deu a escolher foi o que dá o nome a tudo o resto, que se pavoneia lá em cima, ao lado de um embondeiro de Catete, que se metamorfoseia inesperadamente, mas que nunca me desilude.

Infelizmente, mesmo sendo tão trabalhosos, os títulos acabam por passar despercebidos. Está na altura de mostrar que, mesmo isolados, podem contar histórias interessantes. Digamos que é uma espécie de resumo do Aerograma. Reza assim:

A partida para Angola seguiu-se a uma Sexta-feira, 13 e um gato preto, cheia de Lágrimas. Foram 7 horas de viagem até à Chegada a Luanda.

Conheci os Kwanzas, com o Dilema do Morto e do Vivo, e o Leite em pó. Vi miúdos de Cuecas e descobri que Cada vez sei menos…

Graças às propriedades hipnóticas do leite em pó, percebi que os Embondeiros não passam de uma árvore de pernas-para-o-ar que vive na Zona intertropical.

Dois embondeiros
O Bucha e o Estica

O trabalho foi interrompido por um Bug informático, mas os Mais-velhos, que dizem “Não se apanham coisas do chão”, não tinham Dúvidas, estes Fenómenos resolvem-se com um PLOC.

Escrevi uma Crónica de guerra, que poderia ser de uma guerra das zungueiras, não fosse um Tiro no pé que a transformasse numa Guerra de cobardes. Mas O baço contra-ataca e a Hora da sesta deixou-me repousado para escrever algo mais Kafkiano, em Meias palavras.

Três tentativas para a Muxima levaram-me à Barra do Dande, à Cabala do Kwanza, à Barra do Kwanza e ao Dondo, passando por Massangano.

Uma chuvinha provocou Febres tropicais aos Candongueiros, que ficaram cheios de Comichão no rabo e entraram em Greve. Feitiços na Ilha de Luanda e Mecânicos divinos, com uns Remendos resultaram num Desenrascanço rodoviário. Voltámos ao Pára. Arranca.

Na falta de elefantes, procurei Coincidências. Um Sinal Divino apontou-me para a Teoria angolana de resolução de problemas e encontrei a Pérola do Musseque, junto do Grande Hotel de Luanda.

No xilombo da Xilombo, Batendo o funge com um Ingrediente secreto e fazendo Batota na Kiela, as Coisas de pré-sinalização e o Bolo de banana-pão para tótós foram tema de conversa, de volta de uma Galinha rija. Chamaram-me Unhas-de-fome, mas sei O que fazer com uma beringela.

Parti em busca de Memórias alheias, porque Quem prova as águas do Rio Bengo já não regressa e muitos fizeram-me a Perguntinha de cinco tostões, inquirindo acerca da Máquina do Tempo, com vontade de reviver A Memória do Huambo.

Ali perto, duas Angolanitas, num Desabafo, dizem-me que Até para nascer é preciso sorte e que os Sinais exteriores de ostentação lá do Mussulo de plástico tornam o Futuro desfocado e significam O fim da Memória.

Embondeiro desfocado, ao lusco-fusco
Futuro desfocado

Falando de Bichos, contaram-me que Savimbi, o galo negro foi à Escola de mosquitos, onde o Rottweiler da Baviera, que é O "Especialista", lhe revelou O tesouro do Jacaré, na bonita Caligrafia dos Meandros.

Em jeito de Balanço fiz um Zoom ao lixo e soube que Mataram o jacaré. O ego dos pilotos esconde o Cheiro do medo, mas é incapaz de disfarçar o Apartheid de esplanada.

Não escapei aos Cacimbo Blues, mas A minha desgraça é que O Aerograma tem bicho! Felizmente que O fim ainda vem longe!

Abelha sugando Coca-cola de uma lata vazia
Acabou-se

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

3 respostas a “História de títulos”

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  1. XELENTE!!! 😀 😀 😀

  2. Muito bom! Esta colagem de instantes do passado vai construindo um tempo ilimitado de memórias futuras.
    Continua a (de)escrever muitos mais instantes, nós gostamos de os partilhar contigo.
    Aquele abraço.

  3. Uau para o texto. A imagem «futuro desfocado» é também negro, não vai lá com mudança nem ajuatamento de lentes.
    Até.

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