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11 2009

Os estádios e os vistos

Tal como um certo país à beira-mar plantado, que resolveu organizar um campeonato de futebol e gastar uma fortuna em estádios para depois não saber o que fazer com eles, Angola decidiu organizar um campeonato de futebol e desatar a construir estádios.

Como quase todas as obras que vemos por estes lados, somos capazes de imaginar outras bem mais urgentes ao nível das infra-estruturas. Nem deve ser saudável fazer as contas ao número de quilómetros de condutas de água seria possível construir com o que se gasta num só estádio.

Com a falta de asfalto ou excesso de buracos que as estradas da capital apresentam, a via rápida de acesso ao estádio de Luanda quase parece deslocada. Talvez a solução seja construir um estádio a cada esquina.

Estádio de Luanda em construção
A um mês da entrega

A um mês da data de entrega dos estádios, as obras estavam tão atrasadas que ninguém duvidava que não estariam prontos. Mesmo com mais uns milhares de chineses nos estaleiros, há limites para a velocidade a que se consegue fazer as coisas. Julgo que o problema do atraso será solucionado como se resolvem os problemas militares: vai-se atirando pazadas de dinheiro até que esteja resolvido. Felizmente que as contas públicas nunca revelarão os montantes envolvidos.

Para organizar o campeonato de futebol é preciso um pouco mais que estádios. Os hotéis para alojar equipas e espectadores também não existem em número suficiente. Estão a construir-se alguns, que talvez funcionem a tempo, mas são precisos muitos mais.

Mesmo que todos estes problemas logísticos sejam resolvidos de forma graciosa, que haja estádios a funcionar, táxis, hotéis suficientes e aeroportos com condições mínimas, o processo de obtenção de vistos para Angola não deve sofrer muitas alterações. A desconfiança oficial dos estrangeiros é algo demasiado enraizado.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

6 respostas a “Os estádios e os vistos”

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  1. As prioridades economico-sociais são, pelos vistos, uma coisa muito relativa quando há futebol metido no meio. Veremos como irão funcionar as prioridades do trânsito na hora do povo chegar aos estádios.
    Os chineses têm fama de ser muito rápidos na construção mas vamos acreditar e ter a esperança de que os estádios se vão manter de pé.

  2. Olá Afonso,

    É verdade que os vistos estão mal. A Companhia marcou-me viagem a Luanda no dia 16 de Novembro, mas no Porto o consulado cancelou os vistos de curta duranção, só estando disponíveis os vistos ordinários que demoram 25 dias!!!!
    Conclusão: viagem cancelada.
    De todo o modo, parece-me que a Tranquilidade estará mesmo em Angola no primeiro trimestre de 2010.
    Um abraço

  3. Cuidado com esses estadios… Em Aveiro uma das soluções para o estádio que foi construido para o Euro2004 é a implosão….

  4. E amigo Bruno “implodi-lo” sería uma forma de não dar tanta despesa à tão endividada Câmara de Aveiro, vivi em Aveiro durante 6 anos e não vi qualquer utlidade naquele estádio.
    Espero não ver o mesmo aqui em Luanda tendo em conta todas “faltas ” existentes.
    Em Lisboa a situação dos vistos não está melhor mas já existe um gabinete para aligeirar os vistos para o CAN2010.
    Eu que esperei e desesperei por 3 vistos(e foi ligeiramente mais rápido graça à “gasosa”).

  5. Afonso, isso não é ó luxo de Angola. Nós aqui no Brasi vamos sofrer com obras e super-faturamento antes,durante e depois da Copa 2014 e da Olimpíada de 2016. Abraços.

  6. Como poderemos entender as manobras politicas, quando a cada pais cria a sua. Mas o que nos preocupa e da autoridade de poder que se usam nas administraçoes publicas.Sera que ha soluçao nisso.

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