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18  11 2009

Uma mini-saia de parar o trânsito

A propósito de um fait-divers ocorrido no Brasil, o nosso fenómeno de serviço, pelo meio das histórias de como matava leões à bofetada e palitava os dentes com chifres de búfalo, contou um episódio da Luanda de outros tempos.

A meio da década de 1960 surgiu a mini-saia no Reino Unido. Tal como o bikini vinte anos antes, foi uma revolução. Em Luanda, apesar de se viver numa atmosfera menos conservadora que em Portugal, semelhante inovação também causou comoção.

Contou-nos ele que, no Bairro Operário, vivia uma prostituta madeirense que se tornou conhecida graças às suas mini-saias. Certo dia, envergando a mais curta de todas, tão curta que pouco deixava para imaginar, desceu a Avenida dos Combatentes desde o BO até à Mutamba, a cada passo mostrando as cuecas, cuja cor já se perdeu na memória.

Chegada à Mutamba, o polícia sinaleiro de serviço parou de apitar e desceu da peanha. Dirigiu-se à senhora e prendeu-a, por causar embaraço ao trânsito. As centenas de basbaques que a tinham seguido estavam a entupir a Rua Luís de Camões.

Algumas semanas depois, as romarias ao BO para ir ver a mini-saia eram vulgares. Mas depois a novidade deve ter passado, ou a concorrência aumentou e terminou com a fama da madeirense de mini-saia.

A história ainda foi colorida com uma eventual troca de galhardetes com o Juíz, acerca da facilidade da vida fácil com que foi descrita a profissão da senhora, mas por vezes torna-se difícil distinguir entre a pesca de jacarés com garfo e a realidade.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

4 respostas a “Uma mini-saia de parar o trânsito”

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  1. afonso,
    no Brasil, cueca é roupa de baixo de homem, ahaha
    mulher usa calcinha embaixo da mini-saia.
    abs

  2. Caro Afonso,

    Parece que hoje em dia não é necessário qualquer madeirense de mini-saia, para fazer parar o trãnsito em Luanda, certo?

    Abraço

  3. E uma camisola parece que é uma camisa-de-dormir, tal como muitas outras palavras que foram mudando de significado de um e outro lado do Atlântico.

    É por essas e por outras que gosto tanto desta língua, cheia de surpresas e pequenos enganos para diversão dos seus falantes.

  4. Talvez seja pelo excesso de mini-saias que o trânsito não se mexa…

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