Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

24  03 2010

IGCA

Ocupando um quarteirão inteiro de uma zona nobre da cidade, o edifício do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola tem a dignidade que compete à entidade responsável pela geodesia e cartografia de um país tão grande.

O edifício cor-de-rosa de dois andares passa despercebido ao lado do comando da polícia nacional, pintado de azul vivo. À entrada, num corredor largo que serve de recepção e liga a um pátio central em volta do qual se desenvolve tudo, há dois grandes mosaicos que marcam a época colonial. De um lado, a alusão à implantação do Padrão de Santo António do Congo. e do outro, um mapa com algumas das grandes viagens dos navegadores portugueses de antanho.

Principais viagens marítimas dos Descobrimentos
Grandes viagens marítimas dos portugueses

Para além das responsabilidades legais, esta instituição representa também muito saber técnico acumulado, fruto do trabalho de muitos heróis esquecidos. Alguns dos seus funcionários ainda são desse tempo. Perdeu parte da sua importância durante a guerra civil, com a falta de investimento público num organismo que, aparentemente, não contribuia para a guerra. Mas, como não se fazem guerras sem mapas, o seu trabalho passou a ser executado por técnicos soviéticos, que actualizaram a antiga cartografia colonial na década de 1980.

Diogo Cão
Descoberta de Angola

Aqui estão depositados largos milhares de registos que descrevem a evolução de Angola ao longo do último século ou mais. Cadernetas de observações, fotografias aéreas, algumas ainda em chapas de vidro, descrições de vértices e aparelhos muito usados fazem parte do seu espólio histórico. São dados e peças sem valor algum, mas, ao mesmo tempo, de valor incalculável.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

11 respostas a “IGCA”

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  1. Por favor, não faça publicidade a estes magníficos murais senão a camarilha do MPLA vai mandar destruir tudo. Afinal são indícios bem claros da repressão colonialista e terão de ser expurgados.

  2. Caríssimo Afonso

    Ao consultar o seu Blog não deixei de recordar uns largos meses que passei aí no longínquo ano de 1971, em plena guerra colonial onde fui comandante de um pequeno destacamento do E.Português, na Barra do Dande.
    Daí recordo as melhores praias do mundo e no fundo do círculo da baía na maré vazia, nas rochas tem as melhores ostras do mundo, se lá voltar pergunte aos pescadores locais.
    Sei o que digo e das minhas andanças mundiais não conheço nada igual, simplesmente fabuloso mergulhar nessas águas e relaxar debaixo dos coqueiros.
    Continuação de boa estadia.
    Carlos Trindade

  3. Em Abril, os antigos funcionários dessa repartição, Serviços Geográficos e Cadastrais, (SGC) fazem o almoço anual em Coimbra.

    Os que ainda estivermos vivos.

  4. O Eng.º Frias de Barros já não irá comparecer…

  5. porque q nao temos materias relacionadas com o inicio da cartografia de angola na internet axo isso uma ver…

  6. Há material relacionado com os primórdios da cartografia angolana disponíveis. Grande parte deles em Portugal, por razões óbvias. Parte destes materiais não podem ser consultados sem autorização do governo angolano, o que dificulta a sua divulgação.

  7. Quem estudou em escola de topografia ? liga comigo

  8. Gostaria de lhe perguntar se não tem uma fotografia da fachada ou do edifício do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola, que eventualmente não se importasse de me deixar utilizar na base de autores de mapas, em construção (veja http://mapoteca.igot.ul.pt/)

    Maria Helena Dias
    professora associada com agregação, aposentada, e investigadora

  9. Julgo que sim. Vou verificar.

  10. gostaria de saber a historia geral do surgimento dos serviços/repartiçao/missao, geografico cadastro cadastral de angola.

  11. Está por se fazer a história da cartografia e geodesia em Angola. O doutor Campinos, se ainda estiver vivo, poderia dar uma boa contribuição, o Diretor Paixão Franco, na Academia Militar, os Engenheiros Paulo Amaral, Geraldo, etc
    sobre a história pós-independência também podem dar uma contribuição.

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