Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

18  04 2010

Mudanças

Quando era pequeno fazia-me muita confusão saber que amigos mudavam de casa. Não era capaz de conceber eu próprio alguma vez ter de o fazer. Grande parte das minhas memórias estavam ancoradas ao quintal e às quatro paredes a que chamei casa desde sempre. Para além do mais, os amigos que se mudavam partiam para longe e alguns nunca mais voltei a ver. O conceito de mudar de casa assustava-me. E ainda assusta.

Entretanto, numa das voltas que a vida dá, fui trabalhar para Angola e mudei de casa. Por ser uma situação temporária, a mudança não foi completa. Levei comigo o essencial, mas deixei para trás muito do que me rodeava. Aos poucos fui-me habituando à nova morada, até ao ponto onde decorei os sítios das coisas e as mãos procuram sozinhas as portas dos armários ou sou capaz de reconhecer os pequenos ruídos característicos de cada recanto. Mas, no fundo, sabia que não era a minha casa e esta não era a mudança que me  assustava em pequeno.

Rua da Maianga
Moradas

Com o contrato a chegar ao fim, nova mudança me espera. Desta vez numa direcção conhecida, de volta às minhas referências. Mas não deixa de me assustar, porque deixamos sempre um bocadinho de nós para trás.

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

12 respostas a “Mudanças”

Nota: Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados.
  1. Afonso, q emocao rever essa placa, da rua onde tb morei e de onde fui embora, Incrivel! Obrigado,
    x

  2. O Sportig Club da Maianga era filial do Sporting de Braga.

    O Maianga organizava farras aos fins de semana.

    Apesar de haver o café bracarense e o club ser filial do Braga, não era o vira do minho, era mais o merengue.

    Noutros tempos o comboio chegou a ir à Maianga.

    Toda a gente que morava na Maianga era muito feliz.

    Mas o sinaleiro da Maianga, foi das figuras mais notáveis de Luanda.

    Tanto que o sinaleiro era mais conhecido que o próprio clube.

  3. Afonso desde já agradeço o facto de partilhar diáriamente as situações que vive aí em Angola. Todos os dias tento visitar o seu blog para as podes ler. Tenho família em Luanda e o meu pai já aí está há 18 anos… eu tive de ficar por cá a terminar os estudos. Por isso, muito do que escreve traz-me memórias e recordações de coisas que já ouvi e já vi…é muito reconfortante… as histórias e as imagens dessa vida difícil daí…coisas que ditas ninguém acredita mesmo…mesmo.
    Obrigada

  4. Um dia destes falo do comboio da Maianga.

  5. Graças a Deus tu vais embora, de gente preconceituosa e ignorante já basta os nossos politicos que vos dão asas. Já agora, a taxa de desemprego cà na Tuga esta muito alta, provalvelmente serás um arrumador de carro qdo chegares. Enfim, acompanhei smpre o seu blog e ele esta manchado de ignorânçia e desrespeito para com este povo qu durante 2 anos te sustentou. Mas apesar dos apesar desejo-te uma boa jornada fora da Mwangolé

  6. Como fui colonialista, gostava muito de ir para Angola trabalhar, como cooperante.

    Mas agora já velhote, deve ser dificil arranjar emprego.

    Eu tinha geito para vender fuba numa loja no Catambor.

    Tinha lá muitos amigos quibalas e malanginos.

    Ganhei lá muito dinheiro. Ficou lá todo com a rvolução.

    Mas penso que com uma cunha do The Boss talvez arranjasse quem me desse trabalho. Aguardo.

  7. Meu caro Retornado, não sou Xenofobo e não tenho quaisquer tpo de preconceito relacionado com o povo Luso. Dizia Jonas Savimbi: Angola é de todos que amam Angola e que Lutam por Angola. Se fores com esse proposito seras recebido de braços abertos, caso leves racismo e proconceito terás muitos problemas. Realmente é chato ver alguem a defamar a nossa patria mãe, problemas existem em toda parte do mundo e um pais em vias de desenvolvimento não é excessão. Tenho grandes canais e mta cunha em Angola, se fores capassitado, seras escolhido.

  8. Boa tarde, a todos que acompanham este blog.
    The Boss, permita-me que lhe faça uma pergunta, está a viver em Angola? Aqui ninguém critica o povo Angolano, eu nem podería fazê-lo, o meu marido é Mwangolé, aqui apenas se fala da dura realidade angolana, aqui é relatado o dia a dia de quem aqui vive, não confunda as coisas. Este país não é o meu , mas digo-lhe que embora viva cá à pouco tempo, amo este país, aqui vamos criar os nossos filhos, e ajudar este país a renascer.
    Fala em problemas dos outros países e que Angola não é diferente, deve saber que os problemas cá são bem diferentes… Para mais quem vem para cá trabalhar e/ou viver de forma alguma pode ser xenofobo ou preconceituoso.
    Eu e a minha familia fomos muito bem recebidos mas desculpe dizer-lhe que já ouvimos comentários menos simpáticos devido à cor da pele, entende The Boss?!
    Afonso, continue, acompanhamos o seu blog todos os dias.
    Cumprimentos

  9. Muito obrigado sr. Boss, mas fiquei preocupado com uma coisa:

    Como é que alguem em Angola vai medir o tamanho do meu amor por Angola, a tal exigência de Savimbi?

    Para já eu tive mais amor por Angola ao deixar em Angola tudo o que ganhei durante mais de 20 anos, e vejo angolanos em Portugal a passear-se em Lisboa em grandes carros a viver à grande com dinheiros vindos de Angola, quando sei que há muitos angolanos a viver na miséria em Luanda.

    Como se vai medir o tal amor a Angola?

    Vejo que posso meter-me em complicações, quando eu não proponho a esses angolanos a exigência do amor deles a Portugal, porque hei-de eu fazer essa prova de amor a Angola?

    Talvez, possa a coisa ser simplificada,

    Obrigado

  10. Ainda gostava de saber onde faltei ao respeito ao povo angolano…

  11. Caro Afonso
    Acabo de ver as mensagens aqui trocadas e entristece-me ver que a imparcialidade e a objectividade mancham alguns comentários aqui deixados. Pena se os seus estudos sobre a cidade de Luanda nos vão deixar! São verdadeiras pontes entre o passado e o presente de uma cidade.
    Obrigada e continue sempre
    Berta

  12. Ainda há muitas histórias para contar e imagens para mostrar.

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