Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

24  09 2010

A banhos

No largo do Palácio de Queluz, perto do local onde se situava a fonte dos cavalos, demolida para a abertura da estrada que ligou as portas de Queluz ao Cacém, está a estátua de D. Maria I, escoltada pelos quatro continentes clássicos, estátuas recicladas de outras paragens.

Ao longo dos anos, o Sol, a chuva e a poluição não deram descanso à pedra e desde sempre me lembro faltarem alguns dedos à rainha. Os líquenes, impiedosos, foram tornando a alvura da pedra num rendilhado de cinzentos escuros e amarelos. Curiosamente, os líquenes amarelos concentram-se mais na cabeça da estátua, dando-lhe um ar de fotografia pintada à mão, apesar de não constar que D. Maria alguma vez tivesse sido loura.

Borrifando a estátua
Manutenção

Há tempos, reparei numa escada encostada ao pedestal. Julguei que fossem recolocar os dedos em falta, mas depois subiu um homem de fato-macaco branco, cheio de medo de cair, que começou a borrifar a estátua com um líquido. Não sei ao certo o que era, porque já se passaram algumas semanas e a estátua continua com o mesmo aspecto envelhecido. Talvez fosse um tratamento preventivo da pedra, para evitar que se continue a desfazer.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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