Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

11 2010

CFB – Huambo

As oficinas do Caminho de Ferro de Benguela no Huambo são um marco na História industrial angolana. Mesmo após anos de abandono, sabotagem e destruição causadas pela guerra, continuam a ser impressionantes. Hoje em dia, apesar de não terem comboios para reparar, não estão paradas, porque a existência de ferramentas e operários especializados, permitiu que sobrevivessem transformadas em oficinas de reparação automóvel.

O propósito da linha, ligar as minas do Congo e da Zâmbia à costa, manteve-se enquanto os comboios circularam normalmente. Mesmo durante a guerra colonial, os países que suportavam os movimentos independentistas prestavam esse apoio com a condição de manterem a circulação desimpedida.

Aproveitamento hidroeléctrico do Cuando
Descarregadores

Com a ocupação do Huambo pela Unita e o corte definitivo da linha em 1993, as oficinas não deixaram de funcionar. Os comboios também não deixaram de circular por completo. Do Lobito até ao Cubal, zona de influência do MPLA, com alguma regularidade e entre as províncias do Huambo e Bié, sob gestão da Unita, com a frequência que uma linha ferroviária que não liga a lado nenhum justificaria. Actualmente, empresas chinesas reparam a linha, com a esperança de que se volte a circular do Lobito ao Luau e que as viagens não se fiquem apenas pelo Cubal. No entanto, ainda faltam muitos meses para que os comboios tornem ao Huambo.

As oficinas do Huambo ainda se tornam mais interessantes quando, após a sabotagem de linhas e centrais eléctricas, continuarem a laborar com relativa normalidade, uma vez que dispunham de uma central hidroeléctrica própria, que se situava na barragem do Cuando, junto da Missão.

A central eléctrica, também ela, acabou por sucumbir à falta de manutenção. Hoje a barragem armazena água, que se escapa com um ruído curioso pelo único descarregador de superfície aberto. Espero que seja recuperada brevemente.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “CFB – Huambo”

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  1. Filho do Capataz do CFB Francisco José Linhares gostava de conhecer o Sr. Engº Afonso Loureiro o meu Pai (transmontano
    dedicou a vida ao CFB e a Viúva nem reforma refebeu

  2. Dentro de alguns dias farei a apresentação do livro. Poderemos trocar impressões lá.

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