Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

13  09 2011

Solistício improvável

Li recentemente um romance histórico bem sustentado numa extensa cronologia. Deu certamente muito trabalho a investigar, mas o resultado final é bastante interessante. Há algumas inconsistências históricas nas descrições, mas perdoam-se e aceitam-se como forma de facilitar a compreensão do leitor.

No entanto, o editor e o revisor deram menos atenção à obra. Um limitou-se a corrigir gramática e ortografia, mas deixou escapar muitas coisas que o mais modesto corrector ortográfico encontraria, e o outro parece ter lido o texto na diagonal, sem levantar quaisquer objecções. Sei que é um trabalho ingrato que nunca se termina, mas esperava mais.

Entre a ocasional opinião entusiasmada e cheia de vida de personagens mortas meia-dúzia de capítulos atrás, até à troca de nomes de personagens secundárias, há de tudo um pouco.

Palácio da Vila, Sintra
Vila de Sintra

Apesar de ter gostado muito do livro, há duas pérolas dignas de destaque que me fazem sorrir. A primeira é uma personagem que arde em febre, mas tem a pele gélida. Febre indecisa ou arrepios quentes.

A segunda começa com uma longa introdução arquitectónica que garante ocorrer um fenómeno exactamente nos Solstícios – fins de Março ou fins de Dezembro. Algumas páginas mais à frente, a personagem principal assiste ao dito fenómeno, mas em Outubro. Não sei porquê, mas parece-me um pouco improvável que a Terra dê um salto tamanho para que o Solstício de Inverno ocorra por esta altura.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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