Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

11 2011

Resquício de ruralidade

Físicamente, a Queluz em que cresci era bastante parecida com a actual. Para além da expansão de Massamá e Monte Abraão, no centro da vila só surgiu um bairro novo – o Casal das Quintelas. Mas muitas outras coisas mudaram. Grande parte dos terrenos agrícolas, quase todos localizados em Massamá e Monte Abraão, desapareceram ou foram abandonados. A própria escola agrícola, que costumava plantar trigo junto aos muros do Palácio, fechou e a estação de ensaio de sementes mudou-se para o outro lado da EN 249.

O fim desta ruralidade às portas de Lisboa ditou também o fecho dos armazéns da Federação Nacional dos Produtores de Trigo, organização fundada no já longínquo ano de 1933. Mudou de nome em 1972 e foi extinta definitivamente em 1977. Este armazém continuou a funcionar como cooperativa, vendendo adubos, alfaias e rações.

FNPT
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Os velhos armazéns estão agora vazios. Já não cheira a rações e a milho moído quando se passa junto à porta nem vejo o caixa de óculos garrafais a atender os clientes no que parecia ser uma pequena cabine telefónica torcida.

Sem agricultores nas redondezas não fazia sentido manter as portas abertas.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Resquício de ruralidade”

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  1. E estão agora à venda por uma módica quantia que dava para comprar Queluz inteiro..

  2. Como seria de esperar, terreno agrícola cedido pelo estado há 80 anos e vendido baratinho há 40, fica agora no meio da cidade e tem um valor de prémio do Euromilhões.

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