Passatempos
A Mosca
Alguns anos
depois dos acontecimentos que envolveram o filho do Dr. Seth Brundle, um jovem
cientista encontra duas cápsulas transportadoras Mark II armazenadas num
qualquer depósito militar. Procurava
um determinado componente para um experiência e fica intrigado com aquelas máquinas
com ar envelhecido, sem nenhuma descrição no catálogo do armazém.
Acaba por saber que se tratam das cápsulas da “Mosca”,
embora não saiba porque razão têm esse nome nem o que fazem.
Perguntando-se sobre qual o seu intuito, acaba por
encontrar muitos becos sem saída. Parece que todos os que estiveram envolvidos
no projecto ou estão mortos ou têm medo de falar.
Quando,
finalmente, percebe que se tratam dos segundos protótipos de uma experiência
de tele-transporte fica muito excitado e resolver recomeçar a investigação.
Assim que
se sabe que o projecto foi reactivado começam a aparecer antigos colaboradores
para tentar demover este investigador de prosseguir. Ninguém tem coragem de lhe
dizer o porquê da experiência ter sido cancelada definitivamente até que as máquinas
são reactivadas pela primeira vez e começam a transportar objectos inanimados.
Ao saber que tinham ocorrido mutações devido à entrada de
uma mosca na cápsula emissora resolve tomar todas as precauções para que isso
não ocorra de novo.
Entretanto, Martin Brundle (o filho do Dr. Seth) tem
conhecimento do que se está a passar e resolve destruir de vez as cápsulas.
Tem a consciência de que algo poderá correr terrivelmente mal caso sejam
usadas de novo.
Os testes com ratos e macacos tinham todos corrido bem e as
precauções tomadas para evitar que houvesse contaminação das cápsulas
pareciam à prova de tudo.
Estas primeiras experiências de tele-transporte começam a
ser de tal modo animadoras que o cientista resolve fazer o primeiro teste com um
ser humano. Querendo ficar com toda a glória decide que será ele a usar a cápsula!
Submete-se ao transporte e tudo corre bem. Tudo está normal
e é perfeitamente seguro. Não há mutação alguma! Grande vitória para a ciência!
Toda a gente fica descansada, excepto Martin, que vê com
muito maus olhos a utilização desta máquina. Sabe do que ela é capaz se cair
nas mãos erradas.
Entretanto, o cientista continua as suas experiências e vai
ficando cada vez até mais tarde a trabalhar no laboratório.
Numa noite chuvosa dá por si sozinho no laboratório pois já
todos se tinham ido embora. Os procedimentos já eram tão rotineiros que ninguém
se preocupava com a velha história de “azares” com a máquina.
O cientista quer fazer mais um tele-transporte e resolve usar
o modo automático do programa. Exactamente o mesmo programa escrito pelo Dr.
Seth anos atrás. Nos últimos meses sempre se tinha usado o módulo manual e
tudo corria bem.
Assim que o cientista entra na cápsula, um raio atinge o
edifício e faz tremeluzir as luzes que inundam o laboratório. Nada de anormal
ocorre para além disso.
O programa activa a cápsula e o cientista é transportado
sem problemas. Vai para casa satisfeito e a sonhar com o prémio Nobel.
Assim que o carro do cientista sai do laboratório, aparece,
do meio das sombras, o filho do Dr. Seth. Força as portas do laboratório e
começa a desmantelar as cápsulas. Quando vai destruir o terminal de comando
repara no ecrã que diz:
“Sessão
Seth-1 recuperada. Fusão com não-humano concluída com sucesso.”
Martin apercebe-se de que a tempestade tinha activado um banco de memória antigo contendo os dados da mosca que tinha condenado o seu pai. A rotina automática, ao correr, executa a fusão com a mosca e o cientista nem se apercebe de que acabou de assinar a sua própria sentença de morte. Nunca ninguém se tinha dado ao trabalho de verificar o código dessa rotina!
Começa
a caça à mosca!
Queluz, 11 de Novembro de 2006
145 anos depois da morte de D. Pedro V.