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Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

06 2009

Ai se os indianos descobrem…

Entalado entre o Kinaxixi e o Cemitério das Cruzes, há um bairro que partilha a toponímia com dezenas de localidades portuguesas. É um dos famosos “Bairros das Colónias”.

Tem este nome, não porque tenha acolhido antigos colonos ou colonizados, mas porque os nomes das ruas eram quase todos inspirados nas possessões ultramarinas. Eu próprio, quando estou à civil em Portugal, moro na Rua de Moçambique.

Todas estas ruas foram baptizadas na década de 1950, na altura em que Portugal começava a estar cada vez mais orgulhosamente só e reflectiam os ideais da época, quase como uma continuidade da Exposição do Mundo Português de 1940.

Ao longo da História da expansão marítima portuguesa houve altos e baixos, praças conquistadas e perdidas ou abandonadas, territórios reclamados e sitiados. No séc. XX, nada foi muito diferente, nem haveria razões para tal. A principal novidade foi a de que os territórios, que já eram considerados extensões do território e não apenas locais onde se estabeleciam entrepostos, começaram a sair da esfera de influência lusa até que se foram todos.

Tudo se iniciou com a perda de Dadrá e Hagar-Aveli em 1954 e a invasão de Goa, Damão e Diu por parte da União Indiana, em 1961.

Mas descobri que o Estado da Índia Portuguesa ainda existe, pelo menos em Luanda. Espero que não venha a causar embaraços diplomáticos…

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Cinquenta anos depois…

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

5 respostas a “Ai se os indianos descobrem…”

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  1. E assim se constrói a História…

  2. Caro Afonso,

    Não posso deixar de registar com agrado o bom estado de conservação que a placa apresenta depois destes anos todos!
    Penso que se situa no bairro do Cruzeiro, não é verdade? Uma homenagem ao Cruzeiro do Sul, portanto. Talvez os angolanos estejam dispostos a defender a homenagem ao falecido Estado da Índia Portuguesa.
    Quanto à Exposição do Mundo Português, essa foi no ano de 1940, isso eu não esqueço porque foi o ano em que nasceu um grande amigo.

    Os meus cumprimentos.
    Elmiro

  3. Cheíssimo de razão. A gralha já foi corrigida.

  4. A placa da Rua da Índia está mesmo em boas condições. Já o mesmo não se pode dizer da própria rua, com todas aquelas crateras e buracos.
    De certa forma a Rua da Índia continua a ser o retrato da época.

  5. muito bom! adorei a placa! nunca havia reparado quando estava em Luanda

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