Orgulho e brio
Afonso Loureiro
Que hão-de as pessoas pensar (e não me refiro só aos estrangeiros), quando um angolano bate no peito inchado (de ar nacional, claro) e afirma, orgulhoso, que Angola é o melhor país do Mundo, que é o mais rico, o mais bonito, o mais tudo do Mundo, enquanto, atrás de si, correm crianças descalças nos esgotos que escorrem pelo meio das vielas do bairro de lata?
Para quem achar que só estou a apontar os defeitos de Angola, desengane-se. Pobreza há em todo o lado, não é exclusiva da terra das palancas negras. Cenas destas repetem-se um pouco por todo o mundo. Não considero Portugal, Estados Unidos, Brasil ou França os melhores países do mundo. Também têm bairros degradados, alguns até mesmo de lata.
Bairro popular no Lobito
Mas custa acreditar que alguém consiga dizer convictamente que Angola é o país mais rico do mundo porque tem petróleo e diamantes quando a grande maioria da população sobrevive na miséria. Mas daí, talvez até tenham razão, um país que se dá ao luxo de importar tudo, deve ser mesmo muito rico.
Os critérios que definem a qualidade de um país incluem uma parte subjectiva, que tem a ver com a noção de Pátria, mas também há muitos parâmetros objectivos: igualdade, fome, saneamento básico, saúde, nível de vida, cultura.
Lavando o corpo
Se me disserem que Angola é o país mais orgulhoso do Mundo, acredito. Mas não deixo de pensar que poderia ser um país muito melhor se apenas uma parte ínfima deste orgulho se convertesse em brio.
Gostaria tanto que retratasses as makas de Tuga. Tu estas a viver a realiade de Angola e eu a de Portugal. Gostaria de é ver ou ‘ler’ ate aonde vai o teu espirito Critíco. Se es um analista social global ou apenas mais um impostor que vive falando mal da terra que o alimenta. Grato e boa continuação
Angola, a par de outros paises africanos, são maravilhosos e riquíssimos, alem dos petróleos e outros minérios.
Mas essa conversa de “peito cheio”, vem de longe, do tempo dos antigos estudantes do império, brancos mulatos e pretos das missões protestantes e católicas, que aprenderam “essa conversa” das riquezas, como incentivo para correr com os caputos atrazados e exploradores.
Apenas um senão: A grande riqueza de Angola está no povo e nas diversas etnias, que têm sido desrespeitados, deslocados, desapropriados das suas terras…mas que um dia vão pedir contas a esses “inteligentes” “destribalizados” e “neo-exploradores”!
É sempre muito mais fácil analisar as coisas do lado de fora. Um angolano em Portugal terá sempre uma visão muito mais crítica do que vê do que se estiver em Angola. Por muito que queiramos, o amor pelo país em que se nasceu tolda-nos os sentidos. Haverá coisas que me passarão despercebidas em Portugal, mas que decerto lhe farão muita confusão, Li Rover.
Neste momento vivo em Angola e tempo dar a minha visão desta terra que me acolhe. No dia em que cuspir no prato que me alimenta, saberei que está na altura de partir.
Portugal também tem coisas más, algumas delas piores que Angola. O tráfico de influências é mais sombrio, por exemplo.
Escrevendo este artigo para Portugal diria que há uma falta de orgulho actual e um apego quase doentio ao brio do passado.
O certo é que gosto de Angola e dos angolanos em geral, mas há também muitas coisas que me fazem muita confusão…
Afonso,
Penso que tocaste na “mouche”. É isso que eu sinto quando oiço e leio tantos relatos de Angola e do seu quotidiano. BRIO, é o que eu gostaria de ver. E não o deixa andar, o quem vier atrás que feche a porta, que se lixe (porque é mesmo assim). A juntar a isso, o tal nacionalismo bacoco – o tal dos senhores (?) que escrevem (e mal, tão mal…) comentários raivosos sobre os emigrantes que aí estão a cuspir no prato que comem. Nem percebem, como podem de cegos que estão, que tu, ou o Diário da Árica ou tantos outros, só querem que Angola se desenvolva. A começar pela mentalidade, que é o princípio de tudo.
Enfim, continua com o óptimo trabalho e paciência, que eu sei que é precisa muita, muita paciência.
Fica Bem,
Ssuana Veiga
Cara Susana Susana não julgar pra não ser julgada, Afirmas indireitamente que Sennhor(es) escrevem mal e nem auto-corriges os teus erros!?!?. Já agora Angola é um pais dos Angolanos e reivindicamos apenas os nossos direitos como donos da Terra e não apologias xenofobas. O imigrante esta a dar um grande cntributo pro desenvolvemento do país + por sua vez ganhao o k mtos angolanos com ou sem formação não ganham. Uma critica qdo bem feita chega ser um conselho + antes de opinares investiga 1º assim escusas fazer o papel de Srª Sabe Nada. Já agora Afonso os teus artigos são mesmo fx, cntinua cm assim. Bm domingo e optima semana.
Roger A.K.A Lil Rover The Bo$$
From: Braga
To: Luanda
E mais…país de riquezas, sim. Mas de justiça? Pouco. De respeito pelas leis? Deixem-me rir. Do visto de entrada no país, passando pelo contrato de trabalho é tudo fabricado de forma falaciosa e premeditada para atrapalhar e prejudicar quem trabalha e não aconselho ninguém a ir para Angola contratado por empresas angolanas. É um grande risco: não cumprem as obrigações, esquecem o combinado e não têm sequer vergonha de serem tão vigaristas.