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07 2009

Na falta de elefantes, ursos polares

Mesmo nos dias em que nos sentimos quase Kaluandas e achamos que nada nos poderá surpreender, Luanda esboça um sorriso malandro e mostra-nos que estamos completamente enganados.

Ali para os lados do Liceu Salvador Correia, que agora tem um nome qualquer que ninguém conhece e continua a ostentar o nome antigo na fachada, há um pequeno jardim. Como muitos jardins da época, tem o formato de escudo.

Como nem tudo em Luanda é lixo e buracos e o Governo Provincial até se preocupa em recuperar espaços públicos, este jardim sofreu obras de beneficiação. Entretanto foi esquecido e já se degradou um bocado, mas isso é só um fait-divers.

Quem adormece a pensar em África, quase sempre acaba por sonhar com animais selvagens. Leões e elefantes percorrem savanas perfeitas, assustando zebras código-de-barras que se afogam no mar de capim ondulante.

Os angolanos sonham com jacarés que comem diamantes lá nas Lundas, com os leões e as avestruzes zambianos e com um ou outro elefante do Botswana, como os que viram na Quiçama a posar para os turistas. O orgulho com que elegeram a Palanca Negra semi-extinta a símbolo nacional, destronando a welwitschia do Namibe, só mostra que gostam da sua fauna.

Embora a Palanca só se veja em desenhos e em esculturas de pau-engraxado e cornos de plástico lá no mercado de arte do Benfica, Luanda resolveu homenagear a fauna nacional. Quem não conhece o famoso Pinguim Real Tropical, espécie endémica de Angola? No jardim em forma de escudo em frente ao Salvador Correia há um bando deles, empoleirados nos calhaus da cascata que aparece na propaganda turística da cidade.

Dei por bem empregues as centenas de manhãs de infância e juventude perdidas a ver documentários de vida selvagem, porque descobri logo as diferenças entre o pinguim tropical e o outro, o tal que mora lá na Antártida. Os do gelo têm crias que se assemelham a bolas de penugem castanha e os mwangolés, cheios de estilo, já trazem o fato de cerimónia desde que nascem.

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Espécie endémica de Angola

A prova de que Angola é um país diferente é que encontramos pinguins e, provavelmente, outros bichos que os esquimós também não comem, em lugar de destaque nos jardins da capital, sob a forma de esculturas coloridas.

Como os pinguins são, decididamente, a fauna mais tropical que há, não me vou espantar quando erguerem um monumento ao urso polar equatorial num separador da Estrada da Corimba.

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À espera dos ursos polares

Ainda não vi os famosos elefantes, mas tenho alargado os horizontes em termos faunísticos.

Nota: Tenho de descobrir se ainda há pinguins na Baía dos Tigres…

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Na falta de elefantes, ursos polares”

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  1. Eu lembro-me das muitas viagens que fazia de carro com a família por todo o território angolano (inclusivé em reservas de caça) e, pelo menos até meados dos anos 70 víamos habitualmente em estado selvagem girafas, elefantes, gorilas,zebras, pacaças etc…assim como realmente cheguei a ver pinguins na baía dos tigres.

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