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29  09 2009

A História de Angola

Por muito que alguns angolanos procurem esquecer, o passado colonial constitui grande parte da História angolana. Ao longo de 500 anos, o colono escreveu a sua História de Angola com pedra e ferro, igrejas e presídios, pontes, barragens e cinemas.

Placa toponímica do Largo de Cambambe
Forte de Cambambe

A tradição oral tem limites práticos, definidos pela memória do contador mais esquecido. Os eventos menos importantes, mesmo que procurem ser lembrados, caem no esquecimento permanente ao fim de umas gerações ou então começam a ser alterados em tempo, forma ou lugar.

Tanque russo abandonado
A guerra também ajudou a perder a tradição oral

A competição entre estas duas versões da História sempre foi desigual. Não há como acusar de esquecida uma data inscrita em pedra. A nova toponímia de Luanda procura homenagear nomes importantes da História africana de Angola ou da guerrilha contra o colono, embora haja grandes dúvidas sobre quem seja verdadeiramente o Rei Katyavala ou se determinado comandante das FAPLA é reconhecido pelos angolanos como seu herói.

Placa toponímica da Rua D. Manuel I
Herói da História antiga

Um pouco por todo o lado vemos provas de que a separação da História colonial da História de Angola é tarefa impossível. Os monumentos e edifícios de referência não são esquecidos ou abandonados por decreto. As igrejas continuaram, como antes, a ser usadas. As ruas, os largos e os jardins, mesmo mudando de nome, durante muitos anos continuam a ser chamados pelo nome antigo.

Interior da Igreja do Carmo
1774

Na capital especialmente, as marcas deixadas pelo regime colonial estão a ser apagadas pela História que a Angola Independente escreve. Custa-me ver os edifícios velhos serem derrubados, não por serem coloniais, mas por serem marcas do passado. Custa-me mais ver que a História que escrevem também não é a de Angola, é a da multinacional dona da torre.

Bandeira do MPLA
Breve resumo da História de Angola desde a Independência

Como a grande maioria dos angolanos não conhece outra Angola que não a independente, a História que vivem será a sua. Os monumentos deixarão, aos poucos, de ter conotações com o passado colonial. Passarão a ser apenas angolanos.

Igreja da Sé
Séc. XVII

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

5 respostas a “A História de Angola”

Nota: Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados.
  1. Caro Afonso Loureiro,

    Muito boa noite.

    Dou-lhe os parabéns pela excelência do seu blogue.

    Mais um tema interessante : a História de Angola.

    Como apaixonado que sou por essa ciência
    absolutamente fascinante que é a História, não poderia
    deixar de comentar o artigo de hoje. Lamento a incapacidade
    de certas pessoas de conciliarem o passado e o presente.
    Sem essa capacidade, Angola não poderá ter futuro. É
    como gerir uma empresa : aprender no presente com as
    coisas boas e más do passado, para evitar erros no futuro.
    Afinal de contas, a presença portuguesa em África também
    teve coisas positivas como a criação da mulata, a
    fundação de cidades como Luanda, Benguela, Lobito,
    Lourenço Marques, Beira e a amizade inquebrável entre
    muito brancos e negros, independentemente dos problemas
    políticos, e que em muitos casos, dura até hoje.

    Acreditando eu que não é difícil nem complicado entender
    este raciocínio, espero que as novas gerações de angolanos
    tenham capacidade de preservar os monumentos de
    inigualável beleza, que foram deixados pelos nossos
    antepassados.

    Por um lado, seria uma boa forma de curar as feridas do
    passado, e por outro, seria uma forma de relançar de
    forma positiva, o relacionamento entre Angola e Portugal,
    até porque afinal de contas, estamos condenados ( no
    sentido positivo do termo ) a viver lado a lado. Até
    porque, mesmo nos piores momentos da guerra civil, os
    únicos que se interessaram pela desgraça do povo
    angolano, foram os cidadãos portugueses, enviando
    comida, roupas, dinheiro e material escolar. Espero
    que esses mesmos cidadãos que rejeitam o passado colonial
    não esqueçam este pequeno, mas importantíssimo pormenor.

    Antes de terminar, gostar de enviar um abraço ao Elmiro
    e a si, Afonso, com os votos da continuação de sucesso
    na sua estadia em Angola, terra onde os meus pais foram
    verdadeiramente felizes.

    Aceite os cumprimentos e as cordiais saudações de
    José Vila Santa Correia de Sousa

  2. Caro Afonso,

    Este é um tema sobre o qual tenho reflectido bastante desde que cheguei a Angola. Creio estar em condições de poder afirmar que existe uma tentativa clara de soltar as amarras do passado no que concerne ao colonialismo, palavra que por aqui ainda assusta muita gente, mas também é evidente que não se conseguem dissociar os dois países e as duas culturas que se tocam várias vezes.

    A história comum é demasiado forte para ser apagada de um momento para o outro e à força.

    Saudações

  3. Este tema bastante sugestivo é de extrema importancia para nós angolanos. de facto é e será impossivel esquecer as marcas do colonialismo… pois ela não só foi negativa, mas tambem positiva, pois devemos eeternamente aos portugueses a anidade territorial no aspecto linguistico e tantos inumeros aspectos, como a beleza arquitectónica das nossas vila e cidades que guardarão essa memoria inegavel. quanto a relaçao entre Portugal e Angola deve ser uma relaçao de reciprocidade pois ambas são naçoes independentes e suberanas, com seus objectivos. Os aspectos que unem essas duas nações são mais fortes que os que podem enventualmente intrigar essas relaçoes.

  4. A política é uma “ciencia” que estuda a maneira como dominar e sacar proveito de povos descontentes con a situaçao actual do seu territorio.
    É uma maneira muito real de defenir essa multidao que vive do suor e inocencia de povos que sempre terminao sendo expoliados do que historicamente é de todos os que viven nesse lugar e dos que poderiao vir a escolher esse mesmo lugar,pois hoje se considera que o HOMEN é un ser universal sem límites geográficos que o possao conter.
    No caso de Angola essa “ciencia” para lograr fazer o que ainda estao fazendo,roubar todas as riquezas naturais de esse povo,inventarao e fabricarao uma onda RACISTA que nao havia,sou testemunha disso pois deixei para tras muitos amigos de outras raças,se fomentarao odios que ainda perdurao.
    Resultado…un povo en pleno sufrimento,carente de tudo…
    Que facil seria se nao hesistisse essa “ciencia la politica”todos os cidadaos residentes en Angola en esse dia passariamos a ser Angolanos ao votar por essas pessoas que iriam a orientar o futuro de essa jovem naçao,aproveitando o que de bom havia até ali e regeitando o que nao se encuadrasse na nova direcçao en que esta jovem naçao escolhera.
    HOJE ANGOLA nao teria este governo de pessoas milhonarias com um povo paupérrimo e sem uma luz de esperança num futuro proximo.
    Muito me gustaria que o povo angolano podesse ler este meu pensamento,e saber que nao é apagando por decreto os rastos coloniais que se vao a resolver a situaçao de pobreza do meu querido povo Angolano.
    Sim,seria bom poder chegar ao dia de hoje e fazer uma autocritica,ver onde se errou e entre todos corrigir o rumo deste barco e perdoar aos que até ao dia de hoje nao souberao encontrar o caminho certo.
    UM FORTE ABRAZO AO POVO ANGOLANO,GUILHERME.

  5. Este tema é de estrema importancia, para todos angolanos, pois ajuda-nos conhecer mais sobre o passado e o presente do nosso pais, ajuda-nos a conhecer mais os habito e costume, do nosso pais, devemos cultivar habitos de preservar a cultura, este tema deu-me a conhecer mais sobre o meu pais.

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