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13  11 2009

O destino do lixo

Luanda é uma cidade suja, com montes de lixo a cada esquina e, aparentemente, poucos meios para o tratar.

Os caixotes de plástico na baixa e os contentores metálicos nos bairros periféricos fazem adivinhar que os carros do lixo que circulam não são só para enfeitar. Mesmo os mais desatentos notam que trabalham todo o dia, acompanhando os varredores de rua que cumprem a sua missão inglória de combate ao pó.

O lixo que vai sendo empilhado aos cantos não pode significar atraso na recolha ou transbordo dos caixotes. Tem origem na falta de civismo de alguns angolanos, que ainda acham que a melhor maneira de se verem livres do lixo é empurrarem-no para o quintal do vizinho.

Lixo
Nem água vai se grita

O terraço onde fazem as festas que me mantêm acordado estava a precisar de ser limpo. Meses de latas e garrafas de cerveja, à mistura com cadeiras partidas e outros resíduos devem ter tornado o espaço pouco convidativo e a limpeza impôs-se. Três homens dedicaram parte da tarde a limpar o terraço.

Lixo 
Mais um saco

O grande problema é que o terraço é um quinto andar e trazer o lixo para baixo é muito cansativo. Ora se o lote ao lado é usado como parque de estacionamento e ao fim-de-semana até está vazio, a solução mais fácil foi encontrada depressa.

Lixo
Agora as garrafas

Durante cerca de meia-hora a rua assistiu a um espectáculo de falta de civismo impressionante. Tudo quanto era lixo, incluíndo pelo menos um monitor de computador e várias lâmpadas fluorescentes, foi sendo atirado para o terreno do lado. Os sacos de plástico e o pó subiam e espalhavam-se pelo bairro, assentando noutras ruas. As garrafas partiam-se no chão com estardalhaço, tornando mais difícil a limpeza.

Este lixo não será recolhido. Ficará ali amontoado até que o dono do lote o resolva retirar, o que poderá significar apenas atirá-lo por cima do muro.

Com habitantes assim, a esperança de que se consiga limpar a cidade é reduzida e o lema «Luanda – Todos juntos conseguimos» deixa de fazer sentido.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

4 respostas a “O destino do lixo”

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  1. Em Luanda o difícil não é limpar, é não sujar…

  2. Sobre a falta de civismo, em Setembro fiquei alojada num apartamento em que os inquilinos urinavam nas escadas do condomínio… um espectáculo digno de se cheirar. E não, não estava no meio do Musseque, mas sim num dos prédios mais normais da Rua da Missão, supostamente com vizinhos “normais”.

  3. Que imagens fortes essas hein. O pessoal atirando lixo do alto dos prédios, é a primeira vez que vejo isso. Realmente é situação que só prejudica a população que não toma ciência dos erros e riscos a saúde ao jogar lixo nas ruas. Gostei do blog Afonso, de grande qualidade. Um grande abraço.

  4. Da 1ª vez que aí estive, em 2006, fez-me muita impressão o lixo. Inacreditável.
    Achei impossível que ninguém se importasse.

    Tenho viagem marcada para 4ª feira. Vamos ver ser vejo alguma diferença em relação há 3 anos atrás. Dizem-me que sim…quero comprovar isso.

    Um abraço

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