O alarme perpétuo
Afonso Loureiro
Aqui no bairro mora uma criatura muito ciosa do seu automóvel. Uma das coisas que comprou logo a seguir à viatura foi o alarme mais sensível que encontrou. Suspeito que não queira cagadelas de mosca na pintura, porque apenas com as melgas a esvoaçar a uns metros dispara e só se cala uns minutos depois.
Há dias em que a combinação e frequência certas de peões, peidociclos e outras motoretas, carros do lixo e um ou outro automóvel a circular mais depressa garantem que o raio do alarme não se cale. Chegamos mesmo a acreditar que, a dada altura, o próprio carro entra em ressonância e faz disparar o alarme.
Quando não encontra lugar à porta, o dono do carro geralmente estaciona-o na nossa rua, que é mais sossegada. Regressa a casa e tem uma noite descansada, o que é mais do que se pode dizer da noite dos azarados da rua onde deixou o seu alarme com rodas.
Enviem-lhe uma caixa por correio, que quando ele a abra, saltem de lá 100 grilos e 30 cigarras, que se espalham imediatamente pela casa.
Ele vai adorar!
Até nem seria má ideia… se os Correios de Angola funcionassem. Ou se as caixas de correio ainda tivessem utilidade.
Essa foi muito boa Afonso mas a mais dura das verdades, correios a funcionar era bem bom. Por acaso hoje o meu pai perguntou-me a morada para enviar algo, claro que alertei-o para o facto de possivelmente nem cá chegar!!! Coitado, ficou aterrorizado e comentou, “Ai filha, para onde tu foste!!!! Nem o correio funciona”, ri-me e tentei descansá-lo.
Quem sabe com o tempo, os correios e muitas outras coisas funcionem!
Se alugar um apartado há hipótese de que a carta chegue, mas não é garantido.
No ano passado fizemos a experiência de enviar um postal cá para casa. Ainda não chegou.
Como os correios não funcionam, as facturas da água são entregues na morada do cliente por um funcionário da EPAL, por exemplo.