Kupapatas
Afonso Loureiro
Com a importação de motorizadas de baixo custo e as cadeias de distribuição a funcionar melhor, levando de forma regular combustíveis até às províncias mais distantes, surgiu um novo negócio, os moto-táxis. Nos arredores de Luanda, mas especialmente nas zonas rurais, onde as estradas ainda não foram todas recuperadas, as motas tornaram-se rapidamente um meio de transporte de eleição, capaz de encurtar muito a duração das viagens. Com ou sem carga, mesmo nos caminhos mais estreitos, os taxistas de duas rodas vão a todo o lado.
Como não é partilhado, o trajecto fica naturalmente mais caro que num candongueiro, mas os duzentos ou trezentos kwanzas da corrida são recuperados por chegar mais cedo e sair mais tarde do mercado, não perdendo parte do dia a caminho.
Esperando os clientes
Quase ninguém lhes chama táxis. Da mesma maneira que as iáces são os candongueiros, os moto-táxis são os kupapatas, palavra que descreve bem as condições de transporte. Uma tradução livre para kupapatas será qualquer coisa como mete-a-pata, porque é com um pé de cada lado que os menos experientes vão equilibrando as motorizadas nos sítios mais dificeis.
Um pormenor que distingue os mais experientes é o casaco grosso que costumam vestir. Depressa aprendem que o frio de mota é muito pior que o frio a pé e, numa terra conhecida pela pouca roupa usada, andam encasacados e de golas levantadas. Nos dias mais frios alguns chegam mesmo a vestir o casaco ao contrário, para o vento não entrar pelos fechos.
Os capacetes, que se tornaram obrigatórios apenas recentemente, foram ganhando adeptos. Juntamente com os óculos escuros, emprestam um ar mais profissional ao motorista e têm a vantagem de proteger a cabeça. Alguns levam também consigo um capacete para os passageiros, mas muitos optam por não o usar.
Os kupapatas não servem apenas para transportar pessoas. Nas zonas onde operam começam de imediato a surgir pequenos negócios de revenda de gasolina, reparação de furos, lavagem de motas ou angariação de clientes. Numa terra onde as oportunidades ainda são escassas, cada um trata de preencher o seu nicho.
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