Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

30  09 2009

No 4 de Fevereiro

O Aeroporto 4 de Fevereiro, ódio de estimação de alguns, está em obras. Já não tem dimensão para as dezenas de voos diários. O  aspecto provisório das passagens criadas pelo meio do estaleiro ajudam a disfarçar a confusão habitual. As filas que se retorcem até à porta sempre se podem dever apenas à empreitada.

As melgas do costume, as de quatro asas e as de duas pernas, continuam a esvoaçar por lá. Umas sugam-nos o sangue, as outras preferem-nos sugar a carteira. A troco de alguns kwanzas ou dólares, o acesso ao check-in é agilizado. A troco de alguns kwanzas ou dólares, a última imagem que se tem do país é a de alguém a sacar uma gasosa.

As salas de espera continuam desconfortáveis, especialmente a do embarque, onde alguém distribuiu as cadeiras em quatro longas filas, sem passagem evidente para as de trás. Num dos extremos, os mais magros podem espremer-se contra a parede e passar. Os restantes ficam de pé.

O ritual da declaração de valores ainda é uma daquelas conversas em surdina que se tem nos cantos escuros. Tavez se faça negócio… «E kwanzas, levas?»

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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