Angolares
Afonso Loureiro
Para muitos, São João de Angolares é apenas o nome da Roça que o Santomense mais famoso do mundo deu a conhecer, mas a História da povoação do mesmo nome é muito mais interessante que alguns programas de culinária.
Apesar de descoberta em 1470 pelos portugueses, o terreno acidentado e a falta de gente e meios impediu a ocupação efectiva do território, pelo que grande parte da ilha de São Tomé era território livre. Os Angolares, diz-se, são os descendentes dos sobreviventes do naufrágio de um negreiro na costa sul da ilha, que terá ocorrido em meados do século XVI.
Durante décadas, o reino dos angolares co-existiu com os portugueses, que exploravam cana-do-açúcar com escravos. Alguns dos escravos fugiam a juntavam-se aos angolares, buscando refúgio, situação que resultou em algumas escaramuças.
Uma revolta de escravos em 1595, que terminou no ano seguinte com a morte do líder dos revoltosos, o Rei Amador Vieira, que chegou a controlar quase por completo a ilha. Com a revolta dos escravos o cultivo da cana-do-açúcar foi abandonado e apenas com a introdução do cacau e café foi necessário mais terra para cultivo e mão-de-obra escrava importada de África, pelo que a pressão sobre o reino dos Angolares foi quase inexistente durante o Grande Pousio em que a agricultura santomense passou a ser de mera subsistência. Apenas um século depois houve uma fricção de relevo, com um acordo assinado em 1693, após uma incursão de Mateus Pires em território Angolar para reprimir uma prática habitual dos angolares, a de assaltar as fazendas mais próximas para roubar mulheres, que eram poucas no seu reino.
Durante mais de século e meio este acordo vigorou e os angolares viveram com governo e instituições próprias. A sua capital era a vila de Santa Cruz, a actual São João dos Angolares.
Com a abolição da escravatura acolheram também muitos dos libertos que abandonaram as roças, que se tornavam angolares de direito próprio, os quais nunca aceitaram trabalhar no campo como assalariados. Para além da agricultura de subsistência, produziam sal, peixe seco, porcos, madeira, cordas, taças e colheres em madeira, que vendiam na cidade e exportavam por circuitos próprios.
A introdução das culturas do cacau e café forçou-os a ocupar um território cada vez mais pequeno, com a expansão das roças para dentro dos seus domínios. Os três séculos e meio de História do Reino dos Angolares terminaram no final do séc. XIX. O seu último rei, de seu nome Simão Andreza ainda foi imortalizado em fotografia de Almada Negreiros.
Rei Angolar Simão Andreza
Actualmente, a identidade do povo Angolar ainda está viva, com alguns falantes da língua Angolar e muitas tradições que persistem e os diferenciam dos restantes santomenses.
Sou natural de São Tomé, proprietário do recinto da antiga administração da Roça Gratidão adquirido ao Estado São-tomense, mais tarde descobri que sou da geração da irmã do Rei Simão Andreza e do Portugues João Batista Macedo e Oliveira.Resisti a tentação de venda do patrimonio conhecendo a historia que a envolve. Restaurei algo que fora abandonado e pretendo implementar um empreendimento Agro-turismo Rural e hotelaria no referido local mais belo do país. Por falta de recursos financeiros procuro parceiro forte em capital para ajudar a finalizar o projecto. Cheguei até si na investigação que estou fazendo do historial das personalidades ligadas as duas culturas angolar e portugues, que servirá de base para guia turistico.Brevemente publicarei no site as fotos da Roça Gratidão. Esta é a minha contribuição para recuperação do patrimonio colonial cuja degradação está generalizada no país e urge intervenção no sentido de se desenvolver o Turismo em São Tomé e Principe como alternativa. Obrigado pela atenção.
Mario Macedo (pai) porque tenho filho do mesmo nome
Meu caro Afonso
Li e gostei do seu trabalho. As fotos actualizadas da Roça Gratidão estão disponíveis no http://www.odisseiasnosmares.com/2015/08/roça Gratidão e também no meu portal no facebook Mário Macedo
Diligencias estão sendo feitas com vista a encontrar parceiro co conhecimento na area de turismo e hotelaria. Caso seja um Portugues, ele terá possibilidades de acesso ao financiamento existente em São Tomé no quadro de uma linha de credito de 10 Milhões de Euros disponibilizado pela Cooperação Portuguesa para fins de turismo que privilegia cidadão de nacionalidade Portuguesa que deverá ter como parceiro um nacional São-tomense, segundo fontes de informação estudo em prelo.Continuo desesperadamente a procura de solução cujo projecto turístico já esta identificado. Caso contrario entraremos na segunda era de degradação do património recém recuperado.
Com relação aos intervenientes de famlia Angolar´já os identifiquei inclui a ilustre cantora Simone de Oliveira com quem me encontrei em São Tomé e muito recentemente em Portugal.
Obrigado pela sua atenção, venha visitar Gratidão, estamos abertos a todos que queiram contribuir para recuperação do património histórico que poderá servir de referencia as gerações futuras.
Mário Menezes de Macedo