Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

25  07 2011

Passeio pelos montes

Aqui perto de casa ainda há alguns resquícios da mata mediterrânica que, em tempos, cobriu toda a região. Os carrascos e as urzes fazem sebes impenetráveis, viveiro de coelhos e ratinhos. No céu é quase certo avistar uma rapina de olho nas clareiras.

Abrunheiro-do-mato
Abrunheiro-do-mato (Prunus spinosa)

De vez em quando, perto das ruínas dos moinhos e nas encostas viradas a sul, as silvas e carrascos cedem lugar a manchas de abrunheiros-do-mato, repletos de amargas bagas pretas que nem os pássaros provam.

Asclepias
Asclepias fruticosa

Há também grandes clareiras deixadas pelo fogo de há alguns anos que se começam a encher de cardos e espécies invasoras, que se propagam mais depressa que a vegetação endémica.

Em certas partes temos a sensação de passear noutro mundo. A terra basáltica é vermelha, cheia de pedras soltas e, pelo meio, crescem as estranhas Asclepias, com os seus frutos em forma de balão translúcido. Dão-nos pelos ombros e agitam-se ao vento como se nos seguissem. São endémicas da África Austral e depressa ocuparam grandes talhões da área ardida.

Explosivos vegetais
Plantas armadilhadas

Mais rasteiras ao solo, há outras plantas ainda mais esquisitas. Desconheço-lhes o nome, mas as suas folhas e frutos carnudos que são projectados com força quando se lhes toca fazem deles uma espécie de atracção deste monte.

O primeiro tiro é inesperado. Um pequeno estalo apenas e umas gotas de seiva projectadas bem alto pelo caule agora liberto do fruto, mas depois estamos atentos para ver se não tomamos um banho.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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