Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

29  07 2008

Kasucutas

As palavras que o português angolano vai ganhando por influência das línguas locais mostram que as línguas vivas se vão adaptando a quem as usa. Não são só os regionalismos que se tornam evidentes, são até as novas palavras que aparecem por necessidade.

Algumas são de fácil compreensão, como kaluanda, que descreve os luandenses ou, mais literalmente, os de Luanda. Mas há outras que se revelam mais crípticas. O título deste artigo é uma dessas.

O que é um Kasucuta? Pela regra acima, deveria ser algo como os de Sucuta. Onde fica Sucuta? Nos mapas não aparece. Será outra coisa? Perguntei aos colegas e nenhum me soube responder. Fiquei com a dúvida. Mas que raio será um sucuta?


Kasucuta kaluanda a fazer asneira

Percebi, ao ler o Jornal de Angola, que a tradução angolana de Scooter é simplesmente Sucuta. O som é o mesmo, mas a grafia fica mais portuguesa. Por isso, os Kasucuta são os das scooters!

Os kasucuta são os jovens que andam de scooter por todo o lado, desrespeitando todas as regras de trânsito. Para eles não há sinaleiros, semáforos, peões, cães, sentidos de trânsito, prioridades ou até bom senso. No fundo são candongueiros aos quais o código não se aplica. Se os outros já não são exemplo para ninguém, estes são de fugir.

São um problema suficientemente grande para merecer notícias de jornal. Pela condução imprudente que têm, o número de acidentes graves é elevado e a polícia tenciona controlar mais a sua circulação. Parece-me que os métodos normais estão condenados à partida. Vão ter de arranjar soluções imaginativas para acabar com as fintas. Se já o fizeram com os contadores eléctricos, estou certo que a solução não está longe.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

3 respostas a “Kasucutas”

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  1. Olá Afonso,

    Comecei a acompanhar já tarde as tuas crónicas em Angola… Mas quis ler por ordem o blog para ir acompanhando as tuas descobertas e ir assim também descobrindo Angola.

    Através dos teus olhos chega-me uma Angola real que me entristece porque é pobre e que me alegra porque é simples e inocente como descreves através das brincadeiras e das danças das crianças.

    E claro não posso deixar de rir com os erros gastronómicos cometidos… que seriam exactamente aqueles que eu também teria cometido se estivesse no teu lugar.

    Vou continuar a acompanhar os teus relatos e descobertas assiduamente….

  2. Vejamos se percebi, ora kasucata é o mesmo que suicida.

  3. Esta fez-me lembrar de uma vez ouvir um Angolano dizer que “desconseguio” fazer o que era pedido!
    Abraço!

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