Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

22  09 2009

Tou na tua trás

Manda tradição entrar no banco e perguntar à última pessoa da fila se ela é realmente a última. Pode muito bem não ser. Aliás, ainda podem estar mais quinze pessoas invisíveis logo a seguir à última.

Depois de se estabelecer com segurança quem nos antecede, completamos o ritual com uma pancadinha no ombro e um «tou na tua trás». Depois vamos à nossa vida, fazer o mesmo na fila do supermercado. Regressamos ao banco de vez em quando para espreitar e saber como está a correr a nossa espera. Não podemos é cair na asneira de entrar antes de ser a nossa vez. Ainda aparece alguém que nos toca no ombro e nos usa para marcar o seu lugar enquanto vão tratar de um outro assunto urgente.

O melhor, é que quem reocupa o seu lugar na fila nem sequer se preocupa em avisar os que chegaram mais tarde que aquela era a posição certa. Entra, fura a fila e é atendido. Quase aposto que os mais descarados furam as filas com o maior desplante e depois defendem com unhas e dentes que era atrás de quem acabou de sair que eles estavam sim senhor e que se ele não se tivesse ido embora podiam perguntar, mas agora, com licença, que é a minha vez.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

8 respostas a “Tou na tua trás”

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  1. E esse vício já vem daqueles tempos em que as filas de kilómetros – e que duravam semanas até à venda de determinado produto – tinham lugares marcados com sacos de plástico, pedaços de roupa, papéis com um tijolo em cima etc… No dia em que o estabelecimento abria era a pancadaria e confusão total com as FAPLA a distribuirem cinturadas e coronhadas a quem nao estivesse enconstado à parede em fila “indiana ” angolana

  2. Ahahahah! Visto assim é mesmo um filme cómico. Gostei do “Regressamos ao banco de vez em quando para espreitar e saber como está a correr a nossa espera”. Lindo!

    Obrigada pelos quinhentos e tantos posts e, se puder ser, manda mais destes comics.
    Abraços,
    Susana

  3. Não garanto mas ía jurar que esta frase está no famoso “Livro das bácoras”, dita por “moi meme”.

  4. Pois a mim irrita-me solenemente.
    Por esta simples razão: um tipo chega a uma fila de banco (a bicha de cá) e vê 6, 7 pessoas, pensa que vai perder ali 30, 40 minutos. Vai-se a ver e estão outras 10 pessoas de fora a tratar da sua vida e acabamos por ficar lá hora e meia à espera para podermos ir tratar da nossa vida.
    É cultural, como já me disse alguém. Pois para mim é falta de educação. Se não é para cumprir a fila não se fazem filas ou então volta-se ao tempo da pedrinha.

  5. Em Angola, fiquei surpreendida com a naturalidade com que as pessoas furam a fila no supermercado, quando têm apenas um ou dois itens para passar no caixa. Parece que é uma espécie de direito adquirido, uma prioridade indiscutível. Não se pede licença, não se avisa, não se dá um sorrisinho a quem se roubou a vez, nada. E ninguém reclama.

  6. BFA da Major Kanhangulo (ou Rua Direita). Ninguém à porta Às 7.40 da manhã. Coloco-me no 1º lugar. A uns 20 metros, um grupo de 5/6 individuos falam alegremente, contando as histórias da véspera.

    Às 8 em ponto, uns segundinhos antes de abrir a porta do Banco, vêm todos ofendidos perguntar-me (mais o segurança, já meio encavacado) se eu não sabia que eles estavam à frente.

    Acabou tudo a discutir pq eu deveria ter ido perguntar-lhes se eles estavam na fila, e daí marcar o meu lugar…

    N há pachorra…

  7. A solução é deixar a pedra na porta do banco de véspera…

  8. Pior só os que se põem na fila de informações, para saber o saldo, serpenteiam entre as 2 filas, e depois chegam ao caixa e exclamam:

    – Quero levantar 1.500 kwanzas da minha conta… (juro q já vi esta cena mais de uma vez…).

    Mais a sério, e falando só de bancos e não de filas, n seria melhor terem alguém que explique as vantagens e, sobretudo, a rapidez de um cartãozito?

    É que a % de possuidores que têm cartão, mas não o sabem utilizar, é ainda maior, o que dificulta tudo.

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