ex-ruas
Afonso Loureiro
A toponímia angolana, tal como muitas outras coisas, é complicada. Não se deve só ao facto de haver milhões de pessoas a morar em ruas sem nome, nem à falta de oportunidade para conhecer algo mais que o trajecto para o trabalho. É também a aparente esquizofrenia que reina nos nomes dos arruamentos e números de polícia que salpicam as fachadas.
Após a independência angolana, houve a necessidade de alterar nomes de ruas. Não interessa muito bem se para fazer esquecer o nome colonial ou se para homenagear alguma figura importante para o novo país. O certo é que muitas ruas viram as suas placas toponímicas emendadas. O grande problema é que as pessoas não deixaram de conhecer o nome antigo da rua. E muito menos aprenderam o novo. Não foi de um momento para o outro que todos souberam da mudança e houve a necessidade de perpetuar o nome colonial. Este foi o primeiro passo para a confusão.
O segundo passo foi dado quando, de duas ruas, se fez apenas uma. A numeração de cada uma manteve-se, como é óbvio. Agora temos números repetidos ou a crescer em direcções contrárias a cada quarteirão.
Outras vezes, retirou-se a placa e nunca se chegou a colocar a nova. A rua ficou anónima. É claro que o nome colonial persiste nestes casos, mas habitualmente com a menção de que é a ex-Rua.
Por vezes nem sequer há consenso acerca da grafia do novo nome. Perto da Mutamba há uma loja que tem as duas nomenclaturas da morada. Mesmo ao lado está a placa toponímica. Todas as versões estão erradas!
A antiga Avenida de Portugal é referida como Rua de Portugal. A Actual Frederich Engels aparece como Frederich Inglês no letreiro da loja e como Frederico Engels na placa.
Confusão
Para complicar mais as coisas, há quem não conheça nenhum dos nomes da rua e se socorra do seu nome popular. Em geral, estes estes nomes identificam pontos de referência (Rua da Total, Rua do Anghotel, Largo do Atlético). Há até mesmo empresas que se identificam com três moradas diferentes: a ex-rua colonial, a rua oficial e a rua popular!
Com semelhante confusão, não é de admirar que os correios não funcionem e que as cartas raramente cheguem ao seu destino. O que é de espantar é que haja uma empresa que entrega pizzas ao domicílio…
Quando tentei enviar-te um postal que nunca chegou ao destino, pensei que o problema fosse de outra ordem, mas assim é dificil. Quem sabe se no futuro a entrega das pizzas não é acompanhada com cartas e postais.
Após a actualização, o SIG de Luanda vai passar a ter 3 campos para toponímia em vez de um! 😀
… ou será que alguém vai usufruir de uma pizza que não pediu, pagando-a ou não?
Maria
Parece que o nome das ruas não consegue fixar-se porque deve andar, todos os dias, à cabeça de uma zungueira: ontem esteve aqui, hoje já não está, e amanhã estará, ou não.
Se já poucos escrevem cartas, quem se importa que não cheguem?…
Se muitos comem pizzas e elas são entregues, está tudo bem.
Há que estabelecer prioridades e contentar as maiorias.
Carta aos Senhores Prefeitos
Gostaria de entender qual a grande dificuldade ou os motivos do pouco interesse do Poder Público Municipal na identificação de algumas – às vezes muitas – ruas e logradouros públicos de muitos bairros da periferia das cidades brasileiras.
A falta de placas denominativas de muitas ruas de bairros, da periferia das cidades, gera vários tipos de prejuízos aos seus munícipes. Particularmente, nas situações de emergência, quando das chamadas de ambulância, polícia, Corpo de Bombeiros, táxi ou dificuldades para os carteiros, entregadores de encomendas de uma maneira geral e para visitantes da cidade.
A falta de placas denominativas nas ruas, muitas vezes, provoca atrasos na chegada das pessoas a seus destinos; consequentemente, elas sofrem também perdas financeiras. Quando uma pessoa, na madrugada, procura uma rua e naquela região não existe placa denominativa e não é possível encontrar alguém para pedir informação, a situação acaba virando um martírio.
O município que valorizar a fixação de placas, indicando a direção de seus bairros, estradas municipais ou vicinais, distritos, entradas da cidade, saídas para rodovias, indicação dos principais pontos e instituições de prestação de serviços públicos e com placas denominativas afixadas nas esquinas das suas ruas, estará favorecendo a todos: moradores e visitantes.
Monsueto Araujo de Castro-RG 4.672.512-x -Empresário ramo do ensino.R. João de Miranda Melo,544-Mogi das Cruzes – SP – CEP 08717-420 – TEL: (xx11) 47962551
monsuetodecastro@uol.com.br
Divulgação da mensagem autorizada
Apesar de comentar a realidade brasileira, a mensagem aplica-se a Luanda também.