Vendedoras de mangas
Afonso Loureiro
Nos finais de Novembro, fomos até à Cabala, só mesmo para sair de Luanda. No regresso, parámos para comprar mangas, perto do km 40, na estrada de Catete.
As mangueiras à beira da estrada estão carregadas, mas ainda não têm os frutos todos maduros. Os que estão melhores são vendidos pelas mulheres à porta de casa.
Às vezes é uma banca isolada, mas é frequente juntarem-se meia-dúzia de mulheres para irem conversando entre cada cliente.
As mangas eram todas iguais, pelo que a escolha da vendedora tinha de seguir outros critérios que não a qualidade da fruta. Mirei as vendedoras e havia uma que se destacava. Era a mais-velha!
Num povo que envelhece devagar e morre cedo, encontrar alguém com cabelos brancos é difícil. Encontrar uma cabeça toda branca ainda é mais invulgar. Mas encontrar uma mulher de barba branca é, certamente, raro.
A Avó Maria
Numa terra onde as mulheres mais velhas são chamadas de Mãe, é interessante encontrar uma a quem todos chama de Avó. A Avó Maria vendia um prato de mangas pequeninas a 100 Kz. É um preço que quase merecia ser regateado para cima…
Achei que não podia de lá sair ser fazer um retrato da senhora. Perguntei se podia. Disseram logo que não. Recusaram porque depois eu levava a fotografia para fora do país (o branco a explorar os recursos de Angola, novamente). No fundo, tinha de pagar os direitos de imagem.
Aceitei a recusa e comecei a guardar a máquina. Perguntaram quando é que trazia as fotos… e depois perguntaram à Avó se queria que eu lhe tirasse o retrato…
A senhora deu um passo atrás e fez uma pose militar, muito direita. Escondeu os poucos dentes que ainda tem e esperou. Mostrei-lhe como tinha saído. Sorriu.
A seguir, foi um corropio à frente da máquina. Todas as que não queriam o retrato tirado se perfilavam em frente à máquina.
Pose militar
A mais nova agarrou numa manga e fez uma pose sensual. Deve querer oferecer a fotografia ao namorado…
A pose sensual
A mais renitente de todas, ao ver o resultado das outras fotos, apareceu a correr. Colocou-se à frente das bancas e mostrou como as vendedoras de mangas bebem cerveja.
Eu também, eu também
Pelo rabinho do olho ia espreitando a máquina e sorria.
Já está?
Na outra ponta, a senhora mais envergonhada seguia esta agitação toda. Perguntei se também a podia fotografar. Disse que sim. Escondeu o sorriso atrás de uma manga e esperou.
Mãe Juliana
Ficou prometido deixar lá umas fotografias numa das nossas próximas passagens.
muito bom mesmo continuaaaaaaaa
Já dizia a minha vó, manga boa é a manga de Dezembro.;-)
Catete, Viana, Cacuaco, Caxito ou na estrada q vai p os kms e p Barra do Kwanza, um pouco por toda a parte, elas vao aparecendo..pequeninas e grandes, com muitos fios, e muito sumo a escorrer, com cheiro a manga e de comer com vontade…são as mangas da minha terra, as melhores mangas do mundo!:)
É verdade, as melhores mangas do mundo são as de Angola…