Troféu africano do congestionamento
Afonso Loureiro
Uma força oculta deve estar a tentar tornar Luanda a cidade mais famosa de África, destronando as demais em todas as categorias. Infelizmente, esta força só se manifesta para as coisas más.
Falemos do trânsito.
Com vinte mil carros a serem descarregados todos os meses no porto de Luanda e com obras nas ruas que se arrastam durante meses, a capital angolana tenta retirar o título de cidade mais congestionada a Lagos, na Nigéria. A Lagos algarvia é quase africana mas ainda não tem um trânsito tão mau.
Como ninguém desliga o motor quando está parado, há alturas do dia em que o ar se torna mais irrespirável que o do Cairo, com uma população cinco vezes maior e também famosa pelos seus problemas de trânsito. Dizem que, no Cairo, já não se usam semáforos, porque complicavam mais do que ajudavam.
Mesmo conhecendo alguns caminhos alternativos e morar relativamente perto do emprego, há dias em que julgo ser impossível haver tanto carro em Luanda, de tão engarrafado estar o trânsito. Nestas alturas julgo que cada habitante terá direito a, seguramente, um automóvel quinze pequenas motorizadas a furar nas filas.
Num destes dias de desespero, em que cheguei com o rabo dorido a casa, cometi a asneira de contabilizar as horas em que estive fechado na jaula solitária, no trânsito: foram cinco, bem medidas. Dez míseros quilómetros, menos ainda, se contados em linha recta, ocuparam quase um quarto do dia. Entre estradas cortadas por motivos presidenciais, isto é, o Zé Dú foi zungar a algum lado, até aos cruzamentos fechados por condutores impacientes e aos acidentes com iáces, julgo que todas as hipóteses foram cobertas.
Para fazer companhia
Mas a prova de que Luanda já conquistou a posição de cidade mais congestionada de África, é que o engarrafamento não se restringia ao chão. No céu, dezenas de aviões brincavam aos carrosséis, porque o presidente ia viajar. Será ainda necessário mencionar o engarrafamento de navios lá na baía?
Viva Afonso,
já vou acompanhando o teu blog à algum tempo, à semelhança de “n” opiniões que já li, está excelente! os meus parabéns!
A minha observação sobre o post e o famigerado trânsito de Luanda e o facto de que, quando sai a rua, o Zé Edu ainda ajuda a complicar mais é: porque que raio é que ele não usa um helicóptero para se deslocar?! gasta dinheiro com tanta coisa…a logística de ele passear em Luanda deve de ser tanta…porque é que ele não simplifica? é a necessidade de se mostrar? o egoísmo chega a tanto!?
Continua com o bom “trabalho”!
Abc e felicidades.
A campanha “Um helicóptero para Zédu” está precisando de adesões…
Oh pá!! Vocês não deem ideias ao homem! Luanda não tem heliportos…se o senhor se lembrar disso vai partir (ou tornar a partir?! ou manter partida?!?!?!)a cidade toda para os construir. Na na!! Deixem-no lá andar de carro…afinal o senhor já está velhote e sai pouco de casa, a malta aguenta!
É uma questão de segurança. Ainda assim a deslocação em coluna automóvel é mais segura.
Já há alguns heliportos no centro da cidade, mas estão a imaginar o que aconteceria se caísse um? Noc, noc, noc!