Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

15  06 2008

Chegada a Luanda

Depois da longa viagem, cheguei a Luanda mesmo ao pôr-do-Sol. A conjunção da grande altitude com o mar e os ares africanos deram origem a um horizonte vermelho fantástico.

As primeiras luzes apareceram. Isoladas, a princípio. Depois um pouco mais densas, mas nada comparável às cidades europeias (como seria de esperar).

Entretanto apareceu o porto. Cargueiros de todos os tamanhos e feitios fundeados à entrada da barra, cada um mais iluminado que o vizinho.

A seguir veio a cidade, bem mais iluminada e acidentada do que imaginei. Reconheci algumas avenidas das imagens de satélite. Algum trânsito, mas nada do caos que me descreveram. Noite de Sábado para Domingo… ninguém vem à rua.

O aeroporto surge no meio da cidade, rodeado de construções populares e muitos aviões estacionados. A aterragem foi particularmente suave, mesmo descontando o tamanho absurdo do 747. É claro que houve logo uns caramelos a bater palmas… mas foram poucos.

Como a pista é comprida e a aerogare do “Internacional 4 de Fevereiro” fica numa ponta, o taxi até à zona de chegadas demorou quase dez minutos. Outros quinze minutos se passaram até ver Luanda do cimo das escadas de um Jumbo Sul-Africano. A temperatura era agradável e a noite límpida. O autocarro era igual aos do aeroporto de Lisboa e a voltinha fez lembrar a chegada a Vilnius. Entra-se no autocarro, fecham-se as portas, o autocarro faz inversão de marcha, abrem-se as portas, sai-se para a gare.

No controlo de passaportes andei a perseguir o senhor da bata branca para me carimbar o papelito da entrada no país. Fui para a outra fila e esperei que me fizessem as perguntas do costume “Que vem cá fazer? Onde fica hospedado?” Nada de especial. Carimbado o passaporte, foi guardá-lo e dirigir-me à saída. Dois passos a seguir, o chefe da polícia de fronteiras pede-me para ver o carimbo e repete as mesmas perguntas.

Mais dois passos e estou na recolha de bagagens, onde fiquei quase quarenta minutos à espera da mala. Nunca imaginei que coubesse tanta bagagem no porão daquele avião. É uma maravilha como algo que pesa quase o mesmo que uma barragem é capaz de voar…

Havia um controlo de bagagens à saída, coisa que é rara noutras paragens, onde um funcionário comparava o talão da bagagem com a etiqueta da mala. Não fosse alguém querer levar uma mala trocada por engano. Dirigi-me ao canal verde e parei em frente a um senhor de fato com um ar muito oficial. Bocejei descaradamente e esperei que me apontasse para a saída ou para o controlo aduaneiro. Quando parei, um dos controladores de etiquetas mandou-me para o controlo. O senhor de fato sentiu-se desautorizado e mandou-me logo para a saída.

Três passos mais tarde estava a ver a P. aos pulos, no meio de meia Luanda. Com ela estava o L.. O R. estava a dar voltas com o carro, para não ter de andar a pagar gasosas…

Fomos directamente à minha morada nos próximos tempos. Fiquei surpreendido. Esperava pior. Aliás, esperava pior de Luanda inteira.


A varanda do meu quarto é a que está tapada pela árvore.

Como havia um colega que partia no dia seguinte, logo pela manhã, fomos todos jantar fora. A ementa era tipicamente angolana: Prego no prato!

Ao regressar a casa fui tirar as teimas dos skype phones. Funcionam mesmo!

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Chegada a Luanda”

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  1. Os skypes phones são mesmo uma grande invenção, estou maravilhada.

  2. Que maravilha este teu blog e a possibilidade de acompanhar esta tua etapa …quase em directo! Este teu blog vai se tornar melhor que as viagens do Gonçalo Cadilhe!!!
    Ainda não experimentei o skype phone, espero que consiga ainda esta semana.
    O facto de estares longe é muito estranho pois mesmo que não nos vissemos todos os dias…quando as saudades apertavam era sempre possível combinar um programinha, uma geocash a descobrir, uma aventura na dança…uns momentos bem passados na tua companhia e Cristina…
    Bjokinhas e abraço
    Cristina Oliveira

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