Rubro-negra
Afonso Loureiro
Os campeonatos internacionais de futebol têm o condão de alimentar o nacionalismo consumista da bandeira, bandeirinha e bandeirota.
Tal como aconteceu em Portugal em 2004, o campeonato de futebol encheu Angola de bandeiras de todos os tamanhos e feitios. Dentro e fora de cada carro penduram-se e colam-se várias bandeiras vermelhas e negras. Há bandeiras nas janelas, nos terraços e nos carros de madeira dos roboteiros. Alguns motoristas investem num par de bandeirinhas de secretária e colam-nas no pára-choques dianteiro, talvez para imitar os carros das embaixadas.
A matrícula fica melhor tapada
Perucas estilo carapinha-microfone pintadas de vermelho, amarelo e preto são vendidas e usadas na rua, juntamente com os cachecóis, que tanto sentido fazem no Verão Austral. Os zungueiros, para além de vender as tralhas do costume, vendem agora bandeirinhas, cornetas e apitos com as cores nacionais.
Angola agradeceu a generosa oferta de 40’000 t-shirts e apitos por parte da CIF. Uma igreja evangélica distribuiu milhares de cornetas para os angolanos festejarem o futebol. Se não se oferece o pão, ao menos que se ofereça o circo.
Da parte que me toca, apoio totalmente que as pessoas sorriam enquanto agitam a bandeira, que cumprimentem desconhecidos porque têm um cachecol da selecção ou que se abracem e gritem quando festejarem um golo. As cornetas é que eram escusadas!
Infeliz o gajo que se lembrou de distribuir cornetas. A toda a hora as sopram e, na altura em que escrevo, o raio do campeonato ainda nem sequer começou. Não me bastavam já as buzinas por tudo e por nada?
Pode se dar por satisfeito Afonso, nós aqui falamos já depois do inicio do CAF ou CAN, como queiram, quando se deram os 4 golos, aqui além das cornetas tinhamos os tiros e as rajadas de AK…. que lhe parece?!
Como é uma peruca estilo “carapinha-microfone”?
É só preciso imaginar o Michael Jackson no tempo dos Jackson Five: Uma imensa bola de cabelo a revestir a cabeça.