Marceneiro de ocasião
Afonso Loureiro
Os espaços esconsos nas arrecadações são sempre difíceis de aproveitar. Especialmente onde o tecto já é demasiado baixo para o conforto das costas ou da cabeça, há a tentação de deixar o espaço desaproveitado ou mal arrumado.
Esta semana terminei um projecto que tinha começado em Dezembro e que tinha avançado devagarinho, ao ritmo das viagens de férias a Portugal. Agora, depois de um trabalho frenético nos dias mais quentes do ano, treze gavetões com rodas ocupam a parede exterior da arrecadação.
Desenhar e construir móveis, mesmo que toscamente, foi uma coisa que aprendi a fazer com o meu pai. E posso acrescentar que é uma coisa de que gosto muito, esta de ver nascer uma ideia em madeira.
Gavetões perfilados
Nem sempre a ideia que nasce se reflecte na obra final, porque à medida que as mãos vão trabalhando, há alterações que surgem naturalmente e moldam o destino da peça. Neste caso, meio protótipo bastou para afinar o projecto. Estava no bom caminho, por isso, desmontei-o e recomecei, depois de calcular as medidas das peças de modo a minimizar o número de cortes e material desperdiçado.
Já agora, conto-vos um segredo: os cortes a direito não são pagos nas grandes lojas de materiais de construção, por isso, se não nos preocuparmos muito com o ar de desespero dos empregados ao saber quantas peças são, é uma boa ideia levar um mapa de cortes e trazer as peças quase prontas para casa.
Para terminar, o custo de cada gavetão, com ferragens incluídas, ficou em menos de 30€. Para móveis por medida não posso dizer que tenha sido caro.
Sei que deu muito trabalho (tanto fisico como mental), mas o resultado final está muito bom… é uma obra bem engenhosa… já para não falar no espaço de arrumação que ganhamos.
Se eu não te conhecesse diria que és engenheiro!