Triste sina
Afonso Loureiro
As estradas do interior, agora em muito bom estado quando comparadas com as de há uns anos, são a minha primeira escolha quando toca a percurso. Grande parte delas segue as rotas traçadas por centenas de gerações, contornando montes, atravessando os rios perto dos antigos vaus. As estradas mais modernas não se adaptam ao terreno, conquistam-no com pontes, aterros e cicatrizes profundas na paisagem. Levam as pessoas mais depressa de um ponto ao outro, mas a magia da viagem perde-se.
Não quero com isto dizer que as estradas antigas é que são boas e que as novas me aborrecem, porque se há alturas em que posso apreciar a paisagem e fazer uma viagem mais demorada, noutras tenho de chegar ao destino depressa.
As estradas secundárias também têm outra faceta. Infelizmente para a vida selvagem, o meio de transporte moderno é o automóvel, que anda muito mais depressa que qualquer carro de tracção animal ou peão. Um encontro com um pára-brisas ou uma roda termina quase sempre com a morte do bicho. Como estas estradas são cada vez menos concorridas, os animais tornam-se mais afoitos e os atropelamentos são frequentes.
Uma baixa
Os pequenos mamíferos selvagens são um caso preocupante. Raposas, ginetas e texugos encontram a morte todas as noites nas estradas mais isoladas. Encadeados pelos faróis, param na estrada e os condutores, umas vezes por falta de reacção e outras por maldade, atropelam-nos.
Texugo-cão
Neste fim-de-semana passado no Alto Alentejo, para além dos incontáveis pássaros, encontrámos também um texugo-cão na berma. Tinha sido atropelado nessa madrugada. Os texugos formam casais estáveis ao longo de toda a vida, pelo que a morte de um, pode significar um ano sem ninhadas para o outro.
Olá.
Tenho carta de condução há 14 anos e esta semana, na Autoestrada, na zona de Montemor – Vendas Novas, local onde passo todas as semanas(ás vezes mais que uma vez), sem que tivesse tempo de reagir, um texugo atravessou-se à frente do meu carro e apesar de me ter tentado desviar não consegui evitar o atropelamento.
Naquele momento os nervos apoderam-se de mim. Chorei muito ! Tive de parar o carro na área de serviço para me recompor ! Sempre fui apaixonada por animais. Desde que nasci que existiam animais em casa dos meus pais e não imagino a minha vida sem eles. Ajudo sem reservas ! Tenho muitas histórias felizes com eles mas também já derramei muitas lágrimas aos vê-los partir.
Foi o caso na segunda-feira. Não contive o choro …. Nessa noite tive pesadelos e ainda não parei de pensar no “texuguinho”. Sei que evitar o choque era prácticamente impossível, mas isso não me faz sentir melhor…
Espero que tenha sido um acontecimento ímpar, porque a culpa e a tristeza que senti, e sinto, são do pior que já experimentei.
Amo os animais e sei que eles nos amam também !
CG
Até à data, ainda não tive o desprazer de atropelar nenhum animal, mas sinto sempre que é uma perda desnecessária quando encontro um atropelado numa valeta.