A banhos
Afonso Loureiro
No largo do Palácio de Queluz, perto do local onde se situava a fonte dos cavalos, demolida para a abertura da estrada que ligou as portas de Queluz ao Cacém, está a estátua de D. Maria I, escoltada pelos quatro continentes clássicos, estátuas recicladas de outras paragens.
Ao longo dos anos, o Sol, a chuva e a poluição não deram descanso à pedra e desde sempre me lembro faltarem alguns dedos à rainha. Os líquenes, impiedosos, foram tornando a alvura da pedra num rendilhado de cinzentos escuros e amarelos. Curiosamente, os líquenes amarelos concentram-se mais na cabeça da estátua, dando-lhe um ar de fotografia pintada à mão, apesar de não constar que D. Maria alguma vez tivesse sido loura.
Manutenção
Há tempos, reparei numa escada encostada ao pedestal. Julguei que fossem recolocar os dedos em falta, mas depois subiu um homem de fato-macaco branco, cheio de medo de cair, que começou a borrifar a estátua com um líquido. Não sei ao certo o que era, porque já se passaram algumas semanas e a estátua continua com o mesmo aspecto envelhecido. Talvez fosse um tratamento preventivo da pedra, para evitar que se continue a desfazer.
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