Cachorros Zambargonhados
Afonso Loureiro
Continuando na senda de antigos letreiros, aproveito para dar um saltinho até terras de Miranda, onde há ainda muitas marcas de um passado menos puritano que o herdado dos tempos vitorianos.
Os edifícios mais antigos, especialmente os construídos com recurso a bons canteiros, costumam ter os cachorros, peças salientes das fachadas, decorados. São pequenas peças escultóricas que distinguem não só o edifício, como os proprietários, consoante a temática escolhida.
Na grande maioria dos casos, passam despercebidos, mas há outros que dominam de tal modo as fachadas que o resto da obra se torna acessória. A casa dos cachorros zambargonhados, dizem-nos, mostrava a quem quisesse ver, um verdadeiro Kamasutra ilustrado em Mirandês, e que nem o facto de estar a dois quarteirões da Sé Catedral deixava os Bispos corados.
Um dos Cachorros
O resto da casa é muito interessante, incluíndo o brasão picado que se julga ter sido dos Távoras, inimigos derrotados do Marquês de Pombal, mas com os cachorros lá no alto, quem a visita entra e sai de olhos postos no primeiro andar e ignora por completo as janelas de canto e os baixos-relevos.
A casa dos cachorros
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