Marginal de Luanda
Afonso Loureiro
As obras de requalificação da baía de Luanda recomeçaram, após uma paragem de mais de um ano. As máquinas voltaram a movimentar os montes de areia com que se vai conquistar uns metros ao mar, ao estilo dos empreendimentos do agora falido Dubai.
Num país com tanto espaço livre pode parecer contra-senso encher parte da baía para se construir restaurantes, discotecas e uma mão cheia de faixas de rodagem adicionais. Ainda antes de perguntar porquê, pensamos noutras coisas mais elementares. Se os esgotos do resto da cidade já vão parar à baía sem qualquer tratamento, o que acontecerá com os destes edifícios? Ninguém espera que se monte estações de bombagem para os encaminhar para tratamento adequado. Mesmo que se montem, com a electricidade sempre a falhar, não durarão muito tempo.
Como no Dubai
Os coqueiros que foram a imagem de marca da marginal de Luanda e que morreram, talvez de desgosto, estão a ser substituídos pelas palmeiras milionárias vindas do viveiro da Barra do Kwanza.
Com um centro comercial no Kinaxixi, outro na Fortaleza e mais um na Mutamba, as prometidas seis faixas de rodagem da marginal vão ficar a parecer um imenso estacionamento. Nenhuma das vias que desemboca na marginal será capaz de escoar tanto tráfego.
Prioridade ao acessório parece ser o mote da cidade.
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