Aerograma

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29  04 2010

A Lua cúmplice

Quando era pequeno e o mundo visto de baixo parecia muito maior que hoje, uma das coisas que me maravilhava era a Lua, que estava sempre no mesmo sítio mesmo que eu corresse o mais depressa que conseguisse. Aparecia e desaparecia atrás dos telhados e das árvores, mas acabava sempre por me apanhar, sempre a olhar para mim.

Depois cresci e a Lua foi ofuscada pela nova iluminação do bairro. Veio a escola, o liceu, a universidade e, durante muitos anos, não olhei para o céu com a atenção devida. Cheguei mesmo a pensar que a luz eléctrica tinha vindo para acabar com a antiquíssima ligação do Homem com as estrelas.

Lua
Por entre os telhados

Entretanto, a Lua voltou a fazer parte da vida, e olhar para ela é saber que se pode partilhar momentos a dois, vendo ambos o mesmo, ainda que a meio mundo um do outro. Simboliza memórias, projectos e sorrisos.

E agora, num fim de tarde em Luanda, a Lua baixa acompanhou-me por trás dos prédios da Ingombota, como fazia quando era pequeno. Juntaram-se duas recordações numa só, misturando rumbas e pirilampos com o deslumbramento de quem descobre o mundo. Olhei-a pelo canto do olho, sorri-lhe e pensei em ti.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “A Lua cúmplice”

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  1. A lua também me faz traz boas recordações, faz-me sonhar e pensar em quem me completa…

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