Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

10  08 2008

O xilombo da Xilombo

Um pouco antes do mercado de arte onde já almoçámos, há alguns restaurantes com um aspecto um pouco mais acolhedor do que aquele a que fomos.

Na nossa segunda investida resolvemos parar logo no primeiro. Ao invés de comermos num cubículo murado, tínhamos à disposição um quintal com uma árvore para nos abrigar do Sol. A anunciar os petiscos que lá se fazem, está um tambor de óleo reciclado como grelhador a expor choco e peixe grelhado.


Cozinha e montra

A dona do estabelecimento foi logo trocar a toalha da mesa por uma mais bonita. Estava tão suja quanto a outra, mas foi um pormenor que nos deixou agradados.


Sala de jantar

Resolvi experimentar o choco. O R. e a P. pediram um peixe. Desta feita não puderam escolher o tipo, porque só havia um. Veio a comida, as bebidas e as garrafas dos temperos, que tinham acabado de ser limpas.

Ao fundo do quintal há uma fábrica de sofás. São construídos à boa maneira angolana, com muita improvisação e engenho, mas o resultado final até nem é mau de todo.

Em frente a uma das casas uma menina brinca e finge ser adulta. Arrasta um alguidar de plástico para o pátio e tenta abrir uma embalagem de detergente com uma faca maior que ela. Felizmente que não se cortou. Tenta puxar um tamborete amarelo cheio de água, mas era demasiado pesado. Acaba a brincar com cabides de plástico colorido.


Na lida da casa


Atenção

No final do almoço, sobrou comida. Comprámos um tupperware, lavado com uma água que preferimos não conhecer. No entanto, foi nessa mesma água que foi lavada a loiça e cozidas as batatas. Já tínhamos para o jantar!

E como o almoço não é só encher a barriga, ainda estivemos a conversar com a dona do estabelecimento.

Falámos de quem éramos e de onde vínhamos. Falámos de Angola e da comida. Perguntámos-lhe o nome.

«Xilombo!» Um nome com som africano. Um nome Umbundu.

Tinha nascido perto do Huambo, mas muito pequena tinha vindo para Luanda.

Depois explicou o que queria dizer. Xilombo é o nome que se dá ao local onde se repousa numa viagem em zonas desabitadas, uma espécie de oásis.

Perguntei se podia tirar um retrato. Respondeu-me com um sorriso enquanto ajeitava a roupa. Olhou para a lente com um ar sério e esperou. Depois perguntou quando é que lhe dávamos a fotografia.


Xilombo

Como fomos bem recebidos e é muito agradável almoçar à sombra da árvore, já voltámos mais vezes ao que nos parece um verdadeiro xilombo. O xilombo da Xilombo!

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “O xilombo da Xilombo”

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  1. Desta vez fomos brindados com a fotografia da cozinheira e com um pouco da sua história.

  2. imaginem a Emoçao de quem esta a ler isso e nasceu nas terras da xilombo e la viveu 18 anos e nunca mais la voltou o coraçao fica piqinininho e uma lagrima no canto do olho , pelos vistos angola vai ganhar mais um angolano vc
    parabens olalipo

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