Rescaldo eleitoral
Afonso Loureiro
O Domingo que se seguiu às eleições amanheceu morno, como se se tratasse do prolongamento natural do ambiente que se vive desde Sexta-feira.
Os resultados vão chegando a conta-gotas, mostrando aquilo que já se esperava, uma vitória esmagadora do MPLA. Nalgumas províncias, a UNITA nem sequer chega a ser a segunda força política porque o povo não esqueceu quem recomeçou a guerra e os actuais dirigentes foram incapazes de se distanciar o suficiente desse episódio negro.
Angola já votou
A meio da manhã gerou-se alguma algazarra na rua. A princípio pensei ser um grupo mais ruidoso a passar, mas o barulho persistiu. Era como que uma discussão acalorada, mas com muitas pausas pelo meio.
Fui espreitar à janela.
Domingo de manhã
No lote vazio, em frente, alguns rapazes disputavam uma partida de futebol. Como bons jogadores africanos que são, jogam mais com a boca do que com os pés. Estes jogos têm sempre um colorido muito especial. A partida de hoje era importante, servia de prelúdio para o jogo da Selecção Angolana, os Palancas Negras contra a equipa do Benin.
À tarde, toda a gente parou para escutar o relato ou assistir à partida num televisor instalado no meio da rua, com os vizinhos.
Começo a pensar seriamente se o dia das eleições não foi escolhido criteriosamente para evitar confusões. Depois de uma semana em que houve mais folgas que dias de trabalho vai-se votar e, ao mesmo tempo que os resultados saem, tem-se um jogo de futebol que faz esquecer todos os outros problemas. Segunda-feira é dia de trabalho… assim não há confusão!
Se o dia foi escolhido para evitar confusões e guerras, foi bem escolhido. Espero que em Angola continue a reinar o clima de paz que se tem vivido pós-eleições.