O jacaré tem fome
Afonso Loureiro
O jacaré que mora num buraco na berma da Avenida Revolução de Outubro tem ameaçado, nos últimos tempos, deixar de apenas borbulhar na água escura, saltar cá para fora e comer uma criancinha.
Hoje foi o dia. Mas ninguém suspeitava que tivesse tanta fome. Comeu um candongueiro!
A ânsia de chegar ao destino cinco segundos mais cedo que a concorrência fez com que o condutor da iáce arriscasse demais e metesse uma roda na cratera. Ficou lá. O mais estranho é que aquele buraco está assim desde que cheguei, mas tem aspecto de já lá estar há mais tempo. Será que o candongueiro se esqueceu dele ou achou que os jacarés não gostam do azul-cueca?
Já estamos habituados a que dêem cabo das suspensões só para ganhar meia-dúzia de metros, que circulem fora de mão, que buzinem aos carros, aos peões e às árvores, que acelerem a fundo até à próxima paragem, onde travam, também a fundo. Estão sempre cheios de pressa, mas nunca chegam mais cedo ao destino por causa destes percalços com jacarés e outros buracos. Curioso, não é?
E hoje vi um jacaré com o pneu dianteiro de uma candonga entre os dentes na rotunda do eixo viário, aquela em frente a um prédio em construção pela Soares da Costa.
Afonso, os blogueiros daqui estão para marcar um encontro de blogueiros. Veja post sobre o Cabetula na Casa de Luanda.
O endereço é http://www.casadeluanda.blogspot.com
Costuma-se dizer que quem não arrica não petisca e neste caso o candongueiro arriscou e o jacaré petiscou :).
Os touros, apesar de só verem a preto e branco (acho), parece que não gostam de vermelho, ou, antes pelo contrário, sentem uma grande atracção por essa cor. Os jacarés, vendo as cores todas, preferem o azul-cueca. Gostos não se discutem. Está na hora de os candongueiros mudarem de cor, para vermelho, por exemplo, assim, teriam tourada todos os dias.
E viva o arco-íris!