Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

10  11 2008

Minas anti-pessoal

Em Luanda não se vêem muitos estropiados pelas minas. É mais vulgar ver vítimas do pólio do que pernas amputadas. Quem só conhecer Luanda julgará que a ameaça das minas não é assim tão grande.

No entanto, a guerra acabou há já seis anos e as operações de desminagem têm limpo, palmo a palmo, lavras e estradas. Só nas províncias do Leste é que a terra continua verdadeiramente perigosa e acessível apenas aos que arriscam a vida a cada passo. Diz-se por aí que ainda há minas que chegam para todas as pernas dos angolanos. Com a típica desorganização das guerrilhas, ninguém sabe nem onde estão, nem quantas há realmente.

As minas anti-pessoal foram concebidas para mutilar e não matar. Os adultos podem não morrer, mas as crianças não têm a mesma sorte. O mesmo se passa com as minas anti-carro, que foram concebidas para mutilar blindados e acabam por destruir viaturas ligeiras em tempo de paz.


Nos arredores de Luanda

No campo, os mutilados não são postos de parte. Têm filhos, trabalham e sobrevivem dentro da normalidade possível.

Em Luanda vivem de esmolas mendigadas nos cruzamentos…

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Minas anti-pessoal”

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  1. Se em Luanda todos tentam viver da esmola, da gasosa, da boa vontade de algum branco… é natural que os mutilados não sejam excepção.

  2. É muito triste ver imagens de mutilados, sobretudo aqueles a quem, para além do corpo, também mutilaram a alma, roubando-lhes o direito à dignidade.
    Também aí, os meios urbanos são cada vez menos humanos.
    Assim vai o mundo, e cada vez tem menos ângulos bonitos para fotografar.

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