Uso do triângulo
Afonso Loureiro
As coisas de pré-sinalização têm muitas formas e feitios, mas o triângulo de pré-sinalização não tem substituto quando chega a altura de assinalar um carro rebocado.
O medo de que seja atropelado por um condutor mais incauto (todos), leva a que nem sequer seja colocado no chão. Fica em cima do carro, seguro por uma mão firme.
O passageiro segura o triângulo laranja sobre o tejadilho e todos sabem que devem contar com um cabo, corda ou trapo a unir os dois carros, como se de um cordão umbilical se tratasse.
Na estrada de Benguela, um chinês não estava a par desta particularidade ou não prestou atenção ao sinal. Ultrapassou o camião que estava a ser rebocado, emaranhou o carro no cabo e acabou por morrer esmagado. Quando passámos pelo local do acidente, ambos os camiões ostentavam o triângulo…
Não deixa de ser curioso como, numa terra onde cada um se vai safando como pode no trânsito, ainda haja a necessidade de assinalar este obstáculo imprevisto.
Mensagem clara
A descontracção com que os condutores, tanto do reboque como do rebocado, executam a tarefa demonstra plena confiança na técnica. Poderá não ser inteiramente legal, mas também não será inteiramente ilegal e ninguém parece importar-se com isso.
Pelo sim, pelo não, é sensato não ultrapassar só o carro de trás…
Afinal, os angolanos também fazem uso do triângulo mas, pelos vistos, só quando um carro pode esconder outro.
Particularidades da pré-sinalização. Vivendo e aprendendo.
O pobre chinês não aprendeu, morreu!
Achei curioso a maneira como se assinala o reboque. Para além de serem desenrrascados os angolanos são também criativos.