Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

12  12 2008

Hummer de carne e osso

Os padrões de beleza têm vindo a mudar em Angola. O mundo ocidental e a televisão têm obrigado a redefinir a mulher angolana desejável. A mulher da tradicição, com ancas grandes e muitas pregas roliças, foi substituída pela mulher magra e curvilínea. Angola tem mulheres para ambos os gostos. E há muitas mulheres bonitas, qualquer que seja o padrão de beleza que se siga.

Mesmo assim, apesar de agora se apreciar as mulheres magras, as de formas mais generosas não deixaram de ser cobiçadas. Aliás, como a barriga grande ainda é sinal de riqueza, uma mulher grande e redonda, alta e com ancas largas indica um bom partido (ou muita despesa, dizem).

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Rainha Ginga, símbolo da mulher angolana

Percebi melhor como tudo isto funcionava no dia em que dei boleia aos nossos quatro técnicos e eles estavam a comentar o tamanho de uma mulher que passava.

J.: «Onde é que ela tem o número?»
X.: «O número!? Qual número?»
J.: «O da morada. Parece uma casa!»
X.: «Querias era uma mulher como ela…»
C.: «A minha é assim!»
X.: «Brinca, brinca…»

E nisto, a L., que tinha estado só a rir desarma todos com uma pérola:

«Alguma vez conseguias conduzir um Hummer daqueles com esse teu motorzinho tão pequeno? Só pode ser brincadeira!»

Quando o status que dá ter uma mulher grande é comparado ao que trazem os objectos de ostentação de riqueza actuais, daqueles com cromados e jantes especiais, percebemos logo onde querem chegar.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Hummer de carne e osso”

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  1. “A minha é maior que a tua!”
    “Mas a minha tem jantes de liga leve!”

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