Sem título
Afonso Loureiro
Há artigos que se escrevem sozinhos, sem revisões, sem cuidados de estilo ou forma. Nascem de uma emoção ou de um pensamento recorrente. Por vezes basta a inspiração de uma fotografia. Ou algumas fotografias pedem um texto introdutório que ajude a perceber como ela me tocou ou que foque a atenção em determinado pormenor.
Certas imagens vão ficando reservadas até ao dia em que as consiga usar. São aquelas que sinto merecerem ser publicadas, mas ainda não sei bem como as colocar. Podem ficar num limbo semanas ou meses, esperando o dia em que me despertam a necessidade de lhes escrever um texto.
Até agora ainda não tinha surgido uma fotografia de tal forma completa que contasse a história toda, sem a necessidade de uma única palavra. Aliás, uma boa fotografia não pode ter palavras a explicar o que transmite. Se as tiver é sinal de incompletude. Concluí que sou mau fotógrafo. Em milhares de fotografias, apenas um punhado se enquadra nesta categoria…
Há ainda os textos que dispensam imagens. São completos só por si e não precisam de ilustrações ou distracções. No entanto, poucas imagens dispensam algum texto.
Mas, desta vez, surgiu uma dessas. Durante alguns dias matutei numa maneira de a introduzir. Como começaria o texto? Como o remataria? Onde punha a imagem? No princípio? Não, teria de ser no fim.
A solução mais simples seria colocar a imagem e não escrever nada. Mas isto é um Aerograma, não é um diaporama. A escrita é a essência do meio.
Tinha de escrever algo e não podia ser acerca da imagem. Se o fizesse, estragava a surpresa ou deixava-a menos completa. Optei pela solução de recurso e contei como não consegui escrever o artigo…
E agora, esquecendo tudo quanto foi escrito acima, apresento a imagem.
Sem título
Sem palavras. Na verdade, tudo o que disse antes. Não são necessárias.
Uma palavra de apreço pelo espaço, mais uma vez, único e viciante, outra por seguir o meu espaço. Muito obrigado.
Um abraço
http://coresemtonsdecinza.blogspot.com