Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

01 2009

Dinheiro deitado à rua

A necessidade de afirmar a soberania do Estado Angolano após a independência levou a que os símbolos do poder colonial fossem sendo substituídos.

As estátuas foram retiradas e os nomes de algumas ruas substituídos. Os nomes coloniais das localidades deram lugar aos nomes tradicionais ou a outros mais revolucionários.

Uma das marcas do regime colonial era a moeda. Os Escudos Angolanos estavam demasiado conotados com o passado e tiveram de ser substituídos. A nova moeda, o Kwanza, recebeu o nome de um rio que atravessa Angola inteira, o Cuanza.

Foi definido um período de transição, durante o qual os bancos trocavam Escudos Angolanos por Kwanzas. Findo esse período, a moeda colonial passou a valer menos que o papel e metal em que era emitida. Apenas o Kwanza tinha valor.

Terminado o prazo para a troca, num gesto mais simbólico que racional, os Escudos que tinham sido recolhidos pelos bancos foram atirados à rua.

Sacos de notas foram espalhadas nas ruas, marcando definitivamente a emancipação de Angola. O último símbolo do colonialismo era deitado ao chão, onde era pisado e se misturava com o pó e a lama.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Dinheiro deitado à rua”

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  1. Estás a começar a precisar mesmo é de uma lei 24/00.
    Falas de mais num país que não é teu.Cospes na sopa que te tira a fome.Fala do teu portugalsito porque corrupção não te falta por lá.trabalha porque é para isso que és pago.
    trago-te debaixo de olho.Cova da Moura

  2. As ameaças anónimas são tão corajosas…

    Por alguma razão não me escondo atrás do anonimato. Assino este blog com o meu nome porque me responsabilizo pelo que escrevo. Da mesma forma, aceito todos os tipos de comentários, até estes mais cretinos.

    Falo do país que me acolhe e não cuspo na sopa. Nestes vários meses de Angola tenho falado das coisas más sim, mas também de muitas boas.
    Em relação ao artigo que comentou, não sei bem em que posso ter ofendido alguém… aliás, até relatei uma das formas como Angola cortou com o seu passado colonial.

    Se falo de corrupção em Angola, é porque a sinto na pele. Se estivesse em Portugal sentia a de lá. Mas estou cá e é desta que posso falar. Se um polícia angolano me pede uma “gasosa” deverei dizer que os polícias portugueses são corruptos? Pode ser que sim, pode ser que não. O certo é que até agora nenhum me pediu dinheiro… O mais curioso é que há várias semanas que nem sequer toco no assunto. Será você um angolano desiludido com o país que o acolhe, neste caso Portugal? Escreva também. Aí poderemos fazer as devidas comparações.

    E sim, fique descansado, continuarei a trabalhar na formação de quadros angolanos, que é para isso que me pagam.

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