Os índios da Meia Praia
Afonso Loureiro
Quem diria que, num dia quente e húmido, algures em Angola, enquanto admirava marcas de um tempo que já foi, seria despertado dos pensamentos por uma melodia demasiado familiar e, ao mesmo tempo, estranhamente deslocada no tempo e no espaço.
No Dondo, em frente ao antigo Hotel Marginal, agora transformado em bloco de apartamentos, procurava fotografar a única pista que ainda identifica o edifício. O letreiro do bar já viu melhores dias, mas ainda se consegue perceber a mensagem.
Último testemunho
Nisto, passa um rapaz a assobiar uma melodia conhecida. Fiz um esforço para a identificar no meio dos sons novos que me rodeiam há uns meses. Não consegui. O ritmo não era africano, mas também não soava a nada que passasse na MTV.
Continuou a assobiar e senti um calafrio quando me apercebi que aquela música não faz parte do que me rodeia hoje. Mas faz parte da cidade, ou fez. O rapaz assobiava Zeca Afonso. Contava a história dos índios da Meia Praia. Voltei a ter a sensação de que duas cidades se tocavam, à distância de três décadas. Desta vez não era só nos edifícios e nas marcas do tempo do colono, era também nos sons dessa época.
Saberia ele que música assobiava e o que significa? Talvez não seja esta a pergunta mais relevante, mas é sensação curiosa, esta de descobrir que a música é universal.
Índios da Meia Praia?
Caro Afonso,
Muito obrigado pela indicação.
Foi realmente uma surpresa.
Gostaria da sua ajuda para localizar o sítio do Premio Dardos e copiar o selo.
abs