Angolanitas
Afonso Loureiro
Estava eu entretido a ler um livro à sombra de uma árvore sem nome e sem idade, na pacata cidade do Dondo, quando me comecei a sentir observado.
Olhei em volta, mas consegui apenas ver as zungueiras esperando que um táxi parasse no posto de combustível para abastecer. Ao contrário das de Luanda, as zungueiras do Dondo não perseguem os clientes. Esperam que cheguem, com vontade de esticar as pernas e alguma fome.
Do outro lado da estrada, o funcionário da bomba estirava-se numa cadeira desconjuntada. Os poucos clientes da tarde e o calor puxavam à indolência.
No rio, as lavadeiras estavam escondidas pelo talude das margens e os pescadores prestavam atenção a outras coisas.
Ninguém olhava para mim, mas a sensação de estar a ser mirado de alto abaixo persistia.
Talvez os lagartos que se passeiam nos ramos lá em cima… mas não, hoje não havia lagartos à vista.
Levantei um pouco a cabeça e espreitei pelas costas do banco. Dois pares de olhos pequeninos olhavam para os minhas botas, para as minhas calças, para a minha pele branca.
Duas jovens angolanas semi-nuas prestavam atenção ao que fazia. Já me tinham avisado que as angolanas, desde muito cedo, aprendem a não largar os brancos, mas tão novas é ridículo!
Olhavam para mim e estavam desejosas de fazer perguntas, mas não sabiam como começar. A mais velha brincava com uma flor e desviava os olhos sempre que lhe falava. A mais nova olhava para um e para outro. Procurava segurança na irmã mas não disfarçava a curiosidade. Não, ainda não ando na escola, mas ela sim, já vai. E já sabes ler? Ainda.
A mãe ria-se e dizia para ficarem bonitas para a fotografia. O Toninho, primo das duas queria vir também ver o branco, mas tinha medo e corria para as saias da mãe sempre que eu o encarava.
A mais velha lá ganhou coragem e perguntou o que fazia a máquina amarela do outro lado da estrada. Tentei explicar o melhor que pude o que faz um GPS, mas duvido que tenha percebido. Como se explica isso a quem não conhece mais do que as ruas onde a mãe vende?
Djanelle e Débora
Despediram-se com um aperto de mão e um sorriso. Voltaram para a mãe, fazendo barulho com as contas coloridas que traziam no cabelo.
Duas jovens angolanas semi-nuas prestavam atenção ao que fazia. Já me tinham avisado que as angolanas, desde muito cedo, aprendem a não largar os brancos, mas tão novas é ridículo!
Sinceramente ao ler isso so consigo ter pena de si mas num ha nada que enganar é portugues e ta tudo dito a culpa é da merda de governantes que temos que deixam ignorantes como vc entrar no nosso país. Tenha um pouco mais de respeito pela terra e pela gente que lhe da de comer
É triste quando não se percebe a ironia. Muito triste.
Mais triste ainda é não perceber que respeito esta terra que me acolhe e que tento, todos os dias, conhecê-la melhor.
Lamento que o Sr. Fartei-me me aplique logo o rótulo de “é português e basta”. Poderia também dizer que ele é “angolano e basta”, mas já conheço tantos que não são assim… quem vê caras não vê corações.
Mas esta versão do kenãointeressa é muito mais comedida…
A mâe natureza dá tudo. O bom e omau. Angola, terra maravilhosa que eu amo, também dá de tudo, bom e mau e infelizmente algumas sementes só deram ervas daninhas.
Pedófilo
Caríssimo Rui Santos,
Sei que chegou ao artigo das angolanitas pesquisando por tribalismo no Google. Não sei é porque razão perdeu tempo com um comentário tão pouco construtivo…