Monandengues
Afonso Loureiro
Em kimbundu, as crianças são chamadas de monandengues. Mas, na verdade, não interessa o nome que se lhes chama. São crianças e pronto.
Monandengues do Lobito
Brincam com o que as rodeia, quer seja com latas, pneus ou lama. E os seus sorrisos são sempre lindos!
Monandengues do Cacuaco
Mesmo as que têm de ganhar a vida guardando gado, conseguem transformar as tarefas aborrecidas numa correria cheia de gargalhadas e olhos brilhantes.
Monandengues do Huambo
Por essa imensa Angola encontro crianças a brincar. Tenho reparado nos brinquedos com que preenchem os dias. Na cidade são mais simples. Um qualquer pedaço de lixo é aproveitado por umas horas e depois abandonado. Nas terras mais pequenas, qualquer objecto é estimado e transformado em brinquedos mais duradouros.
Monandengues da Muxima
As crianças são mesmo o melhor do mundo…em qualquer parte de Angola e em qualquer parte do mundo.
Meu caro Afonso.
Venho acompanhando (dia a dia) os seus relatos sobre uma terra que conheci há muitos anos.
Não tenho feito comentários. Tenho entendido não valer a pena.
Desta vez, porém, não resisti.
A forma como fala das crianças (destas crianças) mostra o seu verdadeiro carácter. A descrição tão simples mas ao mesmo tempo tão intensa, leva-me a concluir que você é um ser humano de verdade, dos bons.
Que dirá agora o knãointressa?
Obrigado pelos bocadinhos de prazer contidos em cada um destes postais ilustrados que nos traz diariamente. Continue … por favor.
Caro Afonso,
Sou Angolano, nascido na Catumbela à 56 anos. No meu tempo e creio que ainda assim será, as crianças, no dialecto dessa região (Umbundo), eram chamadas de “Candengues”. Também reparei que, neste seu blog, já visitou o Lobito, mas Catumbela … népias! Não lhe despertou a curiosidade ou virou ponto de passagem?!
Um abraço Catumbelense,
JCmilhazes
Infelizmente, até agora a Catumbela foi só ponto de passagem.
Revi-me nestas imagens e chorei que me fartei. Fiz um post salvaguardando os teus direito autorais com indicação do link e tudo e espero que não tenhas levado a mal. Caso não concordes, agradeço que o digas que apagarei de imediato.
Obrigado por me fazeres renascer e as fotos estão simplesmente magníficas num belissimo trabalho.
Um enorme abraço desta angolana que se sente numa caixa-de-fósforos depois de 26 anos de tanto, mas tanto espaço!!!
Desde que seja mencionado o autor e haja uma ligação à página original, não tenho nada contra a utilização das imagens.
Foi por acaso que encontrei as suas imagens ilustradoras de uma realidade que me é desconhecida… Pesquiso sobre Angola e Luanda, sobre a terra, as gentes, a cultura e a literatura. Estou, pela 1.ª vez, a trabalhar com os meus alunos do 12.º Ano a literatura angolana e sorrio cada vez que encontro informações que me são preciosas. Obrigada!
Cara Maria O.
O Aerograma é o local indicado para encontrar informações sobre Angola. Ao longo de dois anos vivi e trabalhei lá e fui escrevendo sobre o que via.
Obrigado pela visita!
A palavra monandengue é, em quimbundo, composta por duas palavras: “mona” e “ndenge”. No fundo, ambas as palavras querem dizer quase a mesma coisa: criança. A palavra “mona” também quer dizer filho, tal como a palavra “child” em inglês. A palavra “ndenge” não; esta palavra chama mais a atenção para a pequenez da criança, podendo ser traduzida, portanto, também por miúdo. Um monandengue é, assim, uma criança (pequena).
Por outro lado, o prefixo “ka-” é um diminutivo (tal como o sufixo “-inho” em português), entre outras coisas (as alcunhas também começam por “ka”, por exemplo). Um candengue significa, portanto, uma criança pequena, um miúdo ou mesmo um miudito.
Isto é assim em quimbundo. Mas como as línguas bantus apresentam muitas afinidades entre si, embora não sejam mutuamente inteligíveis, é muito provável que em umbundo também se utilize a palavra “kandenge” com o mesmo significado ou outro muito semelhante.
Em Angola (em zonas predominantemente quimbundo) assisti à aplicação destas palavras exactamente nas situações que descreve. Monandengues para as crianças mais pequenas, talvez até aos cinco ou seis anos de idade, e candengues para as crianças mais velhas, até cerca dos onze ou doze anos, quando deixam de ser miúdos.
Obrigado pela contribuição!
O que vi foi reciclagem à angolana. digam lá: è preto,è preto mas chamou a atenção o aprofeitamento do que ñ presta.
Aquando criança também brinquei com pneus da mota do meu pai. Quem ensinou? o preto nê. Sem ofensa.E era feliz.