Máquina do Tempo
Afonso Loureiro
Lentamente, Angola está a reerguer-se, construíndo estradas e linhas de caminho-de-ferro, fábricas e barragens. A pouco e pouco, as infra-estruturas vão sendo recuperadas, as lavras desminadas e as pontes lançadas sobre os rios. As indústrias e explorações agrícolas e pecuárias, modestas ou ambiciosas, vão surgindo aqui e ali, prometendo uma menor dependência das importações que alimentam o país.
Nos jornais fala-se de projectos de implantação de fábricas de automóveis e de computadores, da abertura de novos pólos da Universidade Agostinho Neto, que formará os quadros que ainda não existem.
O Futuro é a palavra do dia. Toda a gente tem os olhos postos no porvir e sonha com dias melhores, de mais prosperidade e felicidade.
E quem diria que, no meio de tanto futuro, se encontraria, ao virar uma esquina em Caála, uma máquina do tempo totalmente funcional, acabadinha de pintar, apontada ao passado?
Achei curiosíssimo que, ao fim de tantos anos de novos nomes dados às terras, se tenha feito a manutenção a uma placa e não se tenha aproveitado para a corrigir.
Terra de futuro, sintonizando o passado
Lá está uma surpresa. Como ainda tenho dificuldade em associar os nomes de hoje aos de ontem, seria uma vantagem se aí voltasse.
É verdade! Como de vez em quando faz visitas pelas redondezas, será que não quer dar um saltinho às Mabubas?
Depois de sair das Terras do Fim do Mundo, os últimos oito meses foram passados nesse sítio, então aprazível. Dizem-me que a barragem está vazia. As comportas foram destruídas. Será verdade?