Mussulo de plástico
Afonso Loureiro
Vir trabalhar para Luanda e não ir ao Mussulo é como ir a Roma e não ver o Papa. Este não será o melhor exemplo, uma vez que ando a fugir ao Sr. Ratzinger.
Praia do Mussulo
Para chegar às praias da península do Mussulo há dois percursos possíveis. Quem quiser arriscar meia centena de quilómetros em caminhos de areia que podem ficar submersos na maré alta, pode fazer o percurso de carro. Quem quiser poupar esforço e dinheiro opta por ir até ao embarcadouro do Mussulo e contrata uma lancha rápida que nos deixa em qualquer ponto da baía. Os preços, como é óbvio, variam bastante consoante o cliente e a distância. Algumas estâncias têm mesmo lanchas próprias para os seus clientes.
A caminho do Mussulo
O preço é acordado à partida e a hora de regresso é combinada já no Mussulo. Trocam-se números de terminais, o que é o mesmo que dizer números de telefone, só para evitar desencontros. Há quem pague cada percurso ou quem acerte contas no regresso ao continente.
Companhia na viagem
Mas o que há no Mussulo, afinal?
Aparentemente, nada de muito diferente do que se encontra na Ilha do Cabo. Bares com ar condicionado, bebidas caras, muitos rostos suados. Há talvez mais bares e restaurantes. Pelo meio aparecem casarões abandonados e aldeamentos turísticos de aspecto aceitável. Não há arrumadores ou guardadores de carros!
Casas fechadas
Uma das coisas que faz confusão é que cada um leva a sua propriedade até ao limite da maré alta. A certas horas, a praia pública desaparece. E nas outras, não é muito extensa. Para ter praia livre é necessário ir até à ponta da restinga, à língua de areia onde se erguem algumas casas de folha de palmeira.
Outro aldeamento
Pelo meio dos turistas circulam zungueiras de vestidos e biquinis e uns quantos miúdos que apanham cocos e os passeiam à cabeça tentando convencer os banhistas a comprar. Quando o negócio enfraquece, juntam-se a jogar à bola para passar o tempo. Festejam os pontapés mais inspirados com piruetas que acabam na água. Raramente acontece, porque a dominam bem, mas se a bola acaba na toalha de alguém, pedem desculpa antes de a ir buscar muito devagarinho. Nem parece que estamos à vista de Luanda.
Vendedores de côcos
As zungueiras passam grande parte do dia abrigadas atrás de sebes e árvores, quase invisíveis. Dormitam entre cada ronda à praia e, sempre que uma regressa, perguntam como está o negócio nos arredores.
Zungueira de Biquinis
Convém levar farnel porque, a menos que se conheçam os sítios mais em conta, tudo é pago a peso de ouro. Fora dos complexos mais caros vamos encontrando esplanadas e pequenos bares com uma sombra convidativa. Parece que estão à distância certa entre eles para termos coragem de andar sobre uma areia que escalda os pés até dos mais habituados, mas não tão próximos que tornem a escolha difícil.
Sombra apetecida
xiiiii, como tá diferente do Mussulo que eu conheci! Qual bares qual carapuça! Aliás para mim Mussulo era contra-costa, local onde tomei dos melhores banhos de mar da minha vida. Espero rever isso tudo em breve que apesar de diferente ainda me é familiar.
O famoso Mussulo! Que à medida que os anos passam está a ficar tão estragado que até dá pena! Um aglomerado de construções, casas, casinhas e casarõesssss com todos os luxos..dá pra acreditar que há casas no Mussulo com piscina??! Nao basta o vasto oceano?
E a contra-costa ainda continua deserta?
Passei bons momentos no mussulo..mas nao troco Cabo Ledo por nada! Heheheh