O carro-patrulha
Afonso Loureiro
À porta da esquadra, quase em frente da sentinela que abraçava a AK-47 com o carregador virado para o queixo, estava parado um todo-o-terreno da polícia. O condutor estava a tratar de algum assunto junto do piquete e deixou o carro ali mesmo. O comandante da esquadra veio perguntar de quem era o carro, que não podia ali ficar.
Ninguém se acusou, temendo um raspanete e, de qualquer das formas, o comandante sairia daí a uns minutos. À falta do condutor, o chefe mandou outro polícia. Achei estranho não pedir as chaves, mas depois espreitei pela janela e reparei que no lugar do canhão da fechadura estava apenas um emaranhado de fios retorcidos.
O polícia sentou-se, enfiou as mãos debaixo do volante e fez arrancar o motor com uma ligação directa! Há quem diga que os bons polícias devem conhecer os esquemas dos ladrões, mas pareceu-me algo exagerado praticar com tanta convicção.
E as chaves do suposto carro da policia onde estavam?
Vê-se cada situação e cada um, que muitas vezes contado a outras pessoas, elas não acreditam! Só visto!