Batman, o mercenário
Afonso Loureiro
Em pleno Cacimbo, e a caminho de outras paragens com História, um pequeno desvio levou-nos outra vez ao monumento de Kifangondo.
O restaurante continua fechado, com aspecto de que tão cedo não voltará a abrir, mas as estátuas continuam a vigiar atentas a foz do Bengo, erguendo estoicamente a bandeira. Baixar a guarda na vigilância do campo de batalha é a última coisa em que pensam.
A Vitória é Certa!
Junto do primeiro baixo-relevo que retrata a batalha, um cheiro acre relembrou-me as saudades que tenho de ir às grutas. Um pouco mais tarde, enquanto fotografava os combatentes de bronze, uma valente algazarra começou atrás das sacas de areia que protegem os soldados.
Barulho atrás da barreira
Aproveitando as pequenas frestas entre a escultura e a parede, uma colónia de morcegos instalou-se nos ocos do painel. Ficam abrigados, embora desconfie que haja alturas em que aquilo deve parecer um verdadeiro forno. Se forem morcegos africanos são friorentos, por isso não deve incomodar.
Por outro lado, há muito que deixei de acreditar em coincidências e gestos inocentes. Cá para mim, o Batman participou na batalha como mercenário e os colegas resolveram homenageá-lo da melhor forma que podiam, instalando uma colónia nas trincheiras dos defensores.
Aos milhares
A urina que escorre pela parede e os milhares de caganitas no chão não deixam dúvidas – a colónia floresce. Ou então, ninguém vem varrer…
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