15
09
2009
Mãe Lúcia
Afonso Loureiro
Perto do escritório conheci a Mãe Lúcia, que ganha a vida vendendo roupa. Porque é muito novinha, a filha não vai à escola, mas farta-se de brincar com os amigos que faz na rua.
A única coisa que a distingue das outras crianças é o cabelo louro e a pele clara. Um dia cruzei-me com a Mãe Lúcia a brincar com a filha. Pegava-a ao colo, embalava-a, tocava-lhe no nariz e no queixo. Perguntei se as podia fotografar. Aceitou, em troca de receber a fotografia, que lhe entreguei no dia seguinte.
Foi buscar um lenço para pôr sobre a cabeça, porque não queria ficar desarranjada. Depois sorriu.
Mãe e filha
O imenso sorriso que fez quando recebeu a fotografia da sua menina e a começou a mostrar às amigas, registei-o só para mim.
Loureiro,
Sempre achei que é da força das mulheres como essa que vai surgir uma nova Angola. Os homens não querem saber de trabalho! Tocante as roupas penduradas no muro, à venda. Mostre sim a foto do sorriso dela, nós precisamos ver…
Esse sorriso terá de ficar mesmo só para mim e ela, que não o fotografei!
Caro Afonso,
Quero mais uma vez felicitá-lo e agradecer-lhe a sensibilidade e o bom gosto que põe no Aerograma.
Um abraço.
Elmiro